E nós, já compreendemos? - Diácono Mario Braggio

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14/02/2017 - 00:15

Mc 8,14-21

Muitos buscam a sua segurança no acúmulo de bens e de dinheiro. Acreditam que aí estão as garantias da sua saúde, conforto, sucesso e poder. E quanto mais, melhor!

Os fariseus não eram diferentes: esperavam por um messias conquistador, glorioso e capaz de realizar sinais celestes que justificassem um sistema baseado no acúmulo de coisas para ter segurança.

Os discípulos de Jesus também se deixavam levar por tal esperança. Mesmo convivendo com ele, observando o que ele fazia e ouvindo o que ele dizia, não compreendiam o que o Mestre realizava e nem o significado da sua ação.

Ora, seguir a Jesus implicava (e hoje também) em colocar-se nas mãos da Providência Divina. Afinal, nunca lhes foi prometido nada. A pobreza e a partilha deveriam caracterizar o seu projeto de vida, mas não era isso o que estava acontecendo.

Durante a travessia do lago, os discípulos perceberam que a comida que traziam era insuficiente.  Bastou isso para desencadear certo mal-estar no grupo, carregado de censura e de lamentos, pois temia-se que, ao desembarcarem, não conseguiriam comprar alimento suficiente para todos.

Jesus aproveita esse momento para chamar duramente a sua atenção a respeito da solidariedade e da partilha. O diálogo é áspero e enigmático. Jesus lhes recorda que multidões foram alimentadas, graças à solidariedade daqueles que se dispuseram dividir o que tinham com os outros. Por que isso não poderia ocorrer novamente entre eles?

A atitude daqueles discípulos persiste também hoje entre nós. A questão de fundo – a falta de fé e a incapacidade dos discípulos compreenderem a revelação da pessoa e da missão de Senhor – ainda se faz presente no nosso meio.

Vivemos num mundo que diz sim ao ter e ao poder. O importante é consumir, parecer e aparecer. O egoísmo, o individualismo e o consumismo imperam. É preciso enfrentar tudo isso. Nós, que buscamos seguir a Jesus, devemos ser os primeiros a acreditar no milagre da partilha.