CONSEQUÊNCIAS DA MISSÃO - RAUL AMORIM

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14/07/2017 - 08:30

Mt. 10, 16-23

Mateus no capítulo 10 reúne num só discurso várias frases e alertas de Jesus que explicam como a missão deve ser executada e quais as dificuldades que ela traz consigo. No texto de hoje meditamos sobre as dificuldades. Elas refletem a situação das comunidades cristãs do fim do século  1 perseguidas por parte de alguns grupos judeus.

Mt.10,16: “Eis que envio vocês como ovelhas no meio de lobos. Por isso, sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas”.

Pelas palavras de Jesus parece que não é muito confortadora a tarefa do missionário! O projeto de Jesus mexe com interesses, seguranças e tradições. Diante dessa realidade o discípulo e discípula de Jesus precisam de equilíbrio. Devemos evitar conflitos e confrontos quando possível. Mas não podemos ser medrosos. Temos uma missão.

Ser prudente como a serpente não quer dizer ser esperto e enganador. Significa ser atento e prudente. Significa viver de forma honesta e correta. Ser seguidor de Jesus (cristão). Embora cientes da maldade e das armadilhas dos opositores, não podemos recorrer a tais práticas.

O apóstolo Paulo nos diz na Segunda Carta aos Coríntios: “Pois embora vivamos como humanos, não lutamos segundo os padrões humanos.” (2 Cor.10,3)  A nossa forma de luta deve ser diferente!

Mt.10,17-18: “Cuidado com as pessoas! Porque elas entregarão vocês  aos tribunais e os açoitarão em suas sinagogas. E vocês serão conduzidos à presença de governadores e de reis por minha causa, param darem testemunho diante deles e dos gentios.”

O alerta de Jesus se refere a dois tipos de acusação: A primeira era da parte das autoridades religiosas. Eles acusavam os cristãos nos tribunais e os castigavam nas sinagogas. Achavam que a nova religião de seguidores e seguidoras de Jesus era coisa do “diabo”.

A segunda acusação vinha das autoridades civis. Os cristãos tinha que comparecer diante de governadores e reis. Eram acusados de serem cidadãos rebeldes e desleais, por negar-se a reconhecer o imperador de Roma como divindade.

Mt.10,19-20 “Quando entregarem vocês, não fiquem preocupados em saber como ou o que irão falar, pois nessa hora lhes será indicado o que vocês deverão falar. Por que não serão vocês que falarão, mas o Espírito de seu Pai é que falará em vocês”.

No meio de tanta aflição, Jesus lhes faz uma revelação importante: será dado aos discípulos e discípulas o dom do Espírito que nos momentos difíceis, vai estar do lado deles, dando força, colocando em suas bocas palavras adequadas para se defenderem. Movidos pelo Espírito, os seguidores e seguidoras de Jesus estarão preparados para perseverar.

Mt.10,21-22: “O irmão entregará o irmão a morte, e o pai entregará o filho. Os filhos se levantarão contra os pais e os matarão. E vocês serão odiados por todos por causa do meu nome. Mas quem perseverar até o fim será salvo”.

A dificuldade que causava maior sofrimento era a divisão nas famílias. Era uma situação difícil.

Muitas vezes o discípulo e discípula de Jesus enfrentava a opção mais difícil: entre obedecer a proposta de Jesus ou ser levado a seguir as ideias de seus amigos e até mesmo familiares: Ainda hoje muitas vezes escutamos: “Você é bobo! Trabalhar sem ganhar nada? Eu hein!

Jesus também encontrou dificuldades com seus familiares... No Evangelho de Marcos encontramos: ...quando souberam disso, os parentes de Jesus foram detê-lo, porque diziam: “Ele ficou louco”! (Mc. 3,20-21)

Mt.10,23: “Quando perseguirem vocês numa cidade, fujam para outra. Porque eu lhes garanto: Vocês não terminarão de percorrer todas as cidades de Israel antes que venha o Filho do Homem”.

A fuga nem sempre é resultado de covardia; pelo contrário, pode ser exigida pela prudência. Em alguns casos pode servir para a expansão missionária como encontramos relatos no livro dos Atos dos Apóstolos.

P/CEBI (Centro Estudos Bíblicos)

Raul de Amorim Pires >raul4ap@gmail.com