COMPROMISSO - Raul Amorim

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19/10/2018 - 08:30

Lc. 12,1-7

O evangelho de hoje traz uma crítica de Jesus contra as autoridades religiosas do seu tempo. Para isso, Ele parte da observação da realidade da vida do povo. Nada de raciocinar com abstrações nem de apresentar doutrinas prontas.   

Lc. 12, 1: Enquanto isso, milhares de pessoas se ajuntaram, a ponto de uns pisarem os outros. Jesus começou a falar primeiro a seus discípulos: “Cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia”.

O texto começa dizendo da enorme popularidade de Jesus e a grande vontade que o povo tinha de encontrar-se com Ele. O povo ficava impressionado com o jeito de Jesus anunciar a Boa-Nova de Deus. “E se maravilhavam com o seu ensinamento, porque os ensinava como quem tem autoridade, e não como dos Doutores da Lei.” (Mc. 1,22)

Os discípulos devem ter ficado confusos quando Jesus falou primeiramente a eles sobre o fermento. No evangelho de Marcos encontramos: “Os discípulos se esqueceram de levar pães. Tinham na barca apenas um pão. (Mc.8,14) Seria uma crítica aos discípulos? O que Jesus queria dizer com essa comparação?

Jesus está tratando de ampliar a compreensão e o discernimento sobre aqueles grupos que se opõem ao projeto de Jesus. Lucas identifica o fermento dos fariseus com a hipocrisia. Hipocrisia é uma atitude que inverte os valores. Esconde a verdade. Mostra uma casca bonita que encobre e disfarça a podridão que está dentro.

No caso, a hipocrisia era a aparente fidelidade máxima a Palavra de Deus que escondia a contradição da vida deles. Vivemos dias de muita hipocrisia.

Lc. 12,2-3: “Não há nada de encoberto que não venha a se descobrir, nem de escondido que não venha a se conhecer. Portanto, tudo quanto vocês disserem na escuridão, será ouvido à luz do dia. E o que disserem nos quartos ao pé do ouvido, será proclamado sobre telhados”.

No evangelho de Lucas é a segunda vez que Jesus fala desse assunto. (ver Lc. 8,17) Em vez da hipocrisia dos fariseus que esconde a verdade, os discípulos devem ter sinceridade. Não devem ter medo da verdade. Jesus os convida a partilhar com os outros os ensinamentos que dele aprenderam.

Às vezes podemos passar uma imagem de perfeitos, de devotos, de seguidores de Jesus, mas em outros momentos podemos fazer coisas contrárias daquela imagem que mostramos. Jesus nos alerta que um dia tudo o que somos e fazemos às escondidas, será publicado para todos saberem. Um dia as máscaras vão cair!

Lc.12,4-5: “ Meus amigos, eu lhes digo: Não tenham medo daqueles que matam o corpo, e depois não conseguem fazer mais nada. Eu lhes mostrarei a quem vocês devem temer: Temam aquele que, depois de matar, tem o poder de mandar para o inferno. Sim, eu lhes digo, temam a este”.

Jesus está falando aos seus discípulos e discípulas. Eles não devem ter medo daqueles que torturam, machucam e fazem sofrer. Eles podem até matar o corpo, mas não conseguem matar neles a liberdade e o espírito.

Devem ter medo, isto sim, de que o medo do sofrimento os leve a negar a Verdade. Mesmo a morte, que poderá atingir o discípulo por causa do testemunho, não deve ser temida, pois Deus é o Senhor da vida. Quem se afasta de Deus perde a essência da vida.

Lc.12,6-7: “Não se vendem cinco pardais por dois centavos? E, no entanto, nenhum deles fica esquecido diante de Deus. Vocês, até mesmo os cabelos de vossa cabeça estão todos contados. Não tenham medo, porque vocês valem mais que muitos pardais”.

Quem se compromete com Jesus tem a convicção de que a missão é guiada pelo Espírito Santo. O Senhor que nos criou sabe tudo a nosso respeito e conhece as nossas intenções. Valemos muito mais do que os pardais e nenhum de nós seremos esquecidos por Deus.

Neste mês dedicado às Missões lembremos: a missão pede que os cristãos proclamem o Evangelho com a palavra, mas, sobretudo com a coerência de vida. Um cristão coerente é aquele que sustenta com suas obras o que crê afirma com suas palavras.

P/CEBI (Centro Estudos Bíblicos> raul4ap@gmail.com