Busquem primeiro o Reino de Deus e a sua justiça - Cônego Celso Pedro da Silva

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26/02/2017 - 00:15

Mt 6,24-34

A Liturgia da Palavra nos oferece, em sentenças breves e concisas, ensinamentos de sabedoria, que nos ajudam a seguir Jesus Cristo com liberdade e alegria. Estamos aprendendo no Sermão da Montanha um novo jeito de olhar e apreciar as coisas e as pessoas. Na tradição da nossa Igreja, que não nasceu ontem e não tem por fundador a não ser Jesus Cristo, conservamos ditos e pensamentos dos primeiros cristãos do deserto em forma de sentenças curtas chamadas de “apoftegmas”, que são exatamente um dito ou um pensamento conciso numa sentença breve. Olhando para Deus e ouvindo-o, escutamos de Isaías a pergunta: - Pode uma mulher se esquecer de seu filhinho? E Deus que responde: - Eu não me esquecerei de você! Um apoftegma para ser repetido: - Pode uma mulher se esquecer de seu filhinho? Eu não me esquecerei de você! - Só em Deus a minha alma tem repouso; é dele que me vem a salvação, acrescenta o Salmista.

Jesus também tem os seus apoftegmas: - Ninguém pode servir a dois senhores; ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. - Não se pode servir a Deus e ao dinheiro. - Busquem primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais lhes será acrescentado. - Não se preocupem com o dia de amanhã; o dia de amanhã se preocupará consigo mesmo. A cada dia basta o seu mal.

Preocupações, todos as temos e muitas. Direcione-as para o lugar certo. Direcione-as para o Reino e a justiça de Deus. O resto deixará de ser preocupação e lhe será dado por acréscimo. Nós não somos pássaros nem lírios do campo. No entanto, Jesus olha para eles e os vê despreocupados. Os pássaros certamente mais ocupados do que as flores. As flores serão belas e os pássaros encantadores se o Reino for administrado com a justiça de Deus. Caso contrário, sem a justiça de Deus, tudo será visto de forma distorcida, fora de foco. Em vez de servir a Deus, serviremos ao dinheiro, e em vez de usar o dinheiro, usaremos Deus. O dinheiro se tornará uma divindade e Deus será reduzido à função de nosso empregado para atender a nossa súplica e resolver nossos problemas. Assim iremos de igreja em igreja, de templo em templo, de centro em centro até encontrarmos o Deus que nos atenda. No entanto, ele está bem perto, como a mãe que cuida do recém-nascido. Não somos um muro prestes a cair, como diz o Salmo. Somos administradores fiéis dos mistérios de Deus, que ilumina o que está escondido nas trevas e manifesta os projetos dos corações. Não multiplique os problemas nem os antecipe. A cada dia basta o seu mal.