A prática da caridade constrói e conserva a verdadeira pureza - Diácono Mario Braggio

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12/10/2015 - 00:30

Vindos de todas as camadas sociais, os fariseus buscavam a santidade por meio da observância da lei escrita e oral. Eram rigorosos com eles mesmos, desprezavam os pobres que não a conheciam e hostilizavam aqueles que não a praticavam nos mínimos detalhes. Acreditavam que agindo dessa maneira apressariam a vinda do Messias, que haveria de restaurar a lei e expulsar os romanos, cuja opressão era um castigo de Deus.

Convidado para jantar por um deles, Jesus entra na casa e vai direto à mesa. O homem nada diz, mas demonstra o seu espanto em relação à sua conduta. Mesmo na condição de hóspede, o Mestre não perde a oportunidade de denunciar a hipocrisia que se esconde por detrás do apego escrupuloso à tradição da pureza ritual. Ali estava a raiz do problema das autoridades religiosas, que perdiam tempo com coisas secundárias e deixavam de lado o que era verdadeiramente essencial.

O essencial para Jesus é a defesa da vida, sobretudo a dos pobres, dos doentes, dos oprimidos, dos pecadores, dos perseguidos, dos excluídos, dos últimos, dos refugiados, das mulheres e das crianças.

De nada adiantam as práticas religiosas realizadas com extrema correção se aqueles que as praticam trazem dentro de si um coração fechado, cheio de rancor, ódio, preconceito, malícia, inveja, orgulho, soberba...

A censura de Jesus aos fariseus é atualíssima e se aplica 100% a mim e a você, pois, quantas vezes nós pensamos uma coisa, falamos outra e fazemos de modo completamente diferente? Quantas vezes nos apegamos às aparências? Quantas vezes agimos como se fôssemos atores representando o que nos convém para os outros?

A verdade é que podemos enganar a alguns ou a muitos durante certo tempo, mas não nos enganamos a nós mesmos e, muito menos, a Deus, que conhece profundamente o nosso interior, a nossa intimidade. A prática da caridade constrói e conserva a verdadeira pureza – esta sim, agradável a Deus – e assegura a salvação.