“DE ONDE ME CONHECES”?

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29/09/2017 - 08:00

Jo.1, 47-51

O evangelho  nos fala da formação da equipe dos discípulos de Jesus. É interessante observar que alguns são chamados diretamente. Outros indiretamente. Nenhum chamado se repete, porque cada pessoa é diferente. A gente nunca esquece os chamados e encontros importantes  que marcam a nossa vida. Lembra até o dia e a hora!

Jo. 1, 47-48: Jesus viu Natanael aproximando-se e disse a respeito dele: “Eis aí um israelita verdadeiro, em quem não existe falsidade”. Natanael disse: “De onde me conheces?” Jesus respondeu-lhe: “Antes que Filipe chamasse você, eu o vi quando estava debaixo da figueira”.

Vamos voltar um pouco atrás para entender melhor... Mais um dia, e outros dois discípulos se juntam ao grupo de Jesus: Inicialmente Filipe, que apresenta Jesus a Natanael e diz que ele é quem Moisés escreveu na Lei, e também os profetas e complementa dizendo que é filho de José. Ele vem de Nazaré. (Jo. 1,45)

 Ao ouvir o anúncio entusiasmado de Filipe, Natanael questiona: “De Nazaré pode vir algo de bom”?  Natanael era de Caná, que ficava perto de Nazaré. Possivelmente, na pergunta dele transparece a rivalidade que costuma existir entre as pequenas aldeias de uma mesma região. Soa pra gente como um preconceito. Isso nos faz lembrar o que acontece com frequência em nossos dias nas redes sociais, onde os preconceitos e discriminações sobre lugares, cidades, estados e grupos sociais ou étnicos, são expostos de forma ofensiva.

Mas quando a gente mergulha no texto vamos observar que a resposta de Natanael tinha também outro significado: Conforme o ensinamento oficial dos escribas, o Messias viria de Belém na Judéia. Não podia vir de Nazaré na Galiléia (Jo. 7,41-42) Natanael conhecia as Escrituras e possivelmente seu amigo (talvez não muito estudioso do assunto) deveria estar errado.

É interessante observar que Filipe não ficou chateado com a resposta de Natanael apenas disse: “Venha, e então você verá”. Não é impondo, mas sim vendo que as pessoas se convencem. O processo de recrutamento se repete: encontrar, experimentar, partilhar, testemunhar, conduzir até Jesus!

Pois bem. Quando Filipe e Natanael se aproximaram de Jesus, ele elogiou Natanael dizendo que era um “israelita autêntico”. Natanael ficou surpreso com o elogio. Ele esperava o Messias de acordo com o ensinamento oficial da época. Por isso inicialmente, não aceitava um messias vindo de Nazaré. Entendia as Escrituras.

Jo. 1,49: Natanael lhe responde: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”.

A pessoa autêntica é aquela que sabe desfazer-se das suas próprias idéias quando percebe que estas estão em desacordo com o projeto de Deus. Natanael reconhece o seu engano, muda de ideia, aceita Jesus como Messias. Ele reconhece o seu engano, muda de ideia, aceita Jesus  e confessa: “Mestre, tu és o filho de Deus, tu és o rei de Israel!”

Jo. 1, 50-51: Jesus respondeu-lhe dizendo: “Você está acreditando, só porque eu disse que o vi debaixo da figueira? Você verá coisas maiores que essas”. E Jesus disse: “Eu lhes garanto: Vocês verão o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”.

Jesus parece dizer que a confissão de Natanael é apenas o começo. Quem for fiel, verá o céu aberto e os anjos subindo e descendo sobre o Filho do Homem. Jesus se refere ao sonho de Jacó (Gn. 28,10-22) para se apresentar como a ligação entre Deus e a humanidade. E é nessa condição que Ele vai agir.

Estes versículos nos faz lembrar a festa de hoje: Os arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael.  Esta festa quer nos ensinar que Deus deseja a comunhão entre os seres humanos e o mundo espiritual. É também  para dar-lhe graças pelos inestimáveis auxílios que os santos anjos nos prestam, pela sua companhia fiel, pela sua proteção constante; e enfim, reconhecer que só Jesus Cristo é o laço que faz o céu e a terra uma grande família.

 

P/ CEBI (Centro Estudos Bíblicos) Raul de Amorim Pires> raul4ap@gmail.com