Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
Na tarde do primeiro sábado do mês, 5, já celebrando a liturgia da Transfiguração do Senhor, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, presidiu a missa que deu início ao jubileu de 200 anos da Paróquia Bom Jesus do Brás, na Região Sé. Concelebraram Monsenhor Sérgio Tani, Pároco, e o Padre José Osterno de Aquino.
Antes da missa, Dom Odilo e o Monsenhor Tani acompanharam os fiéis que traziam a imagem de 160 anos do Bom Jesus restaurada e, ao iniciar a celebração eucarística, o Cardeal falou sobre como a imagem retrata Nosso Senhor: “Durante o julgamento, torturado; coroado de espinhos, açoitado, zombado, cuspido; assim estava o Bom Jesus, que por nós aceitou tudo isso, por amor. Hoje, nós queremos olhar para Ele, lembrando o que fez por nós, por amor a nós; mostrando, assim, quanto Deus nos quer bem, o quanto nos ama, a ponto de Seu Filho aceitar tudo isso: essa humilhação, esse sofrimento; para nos mostrar que a misericórdia de Deus é sem medidas”.
Na homilia, o Cardeal falou sobre a “feliz providência” de se iniciar o jubileu da Paróquia no mesmo dia que a Igreja celebra a Transfiguração do Senhor, tendo em conta que antes do Concilio de Éfeso surgiram interpretações errôneas, algumas que, muito desviadas do Evangelho, arriscavam distorcer inteiramente a fé da Igreja recebida dos apóstolos. E o Bom Jesus retrata bem a imagem de Cristo, Deus e homem. Disse, ainda, que Jesus suportou todas as dores de seu julgamento para redimir, elevar e transfigurar nossa condição humana.
“Nós devemos sempre lembrar do Bom Jesus. Ele carregou a Cruz por nós, para também dar sentido às nossas cruzes, às nossas dores. Ele já aponta para nós a glória, a sua ressureição; já aponta para a glória de Deus como recompensa para todos que o seguirem, se aderirmos a Ele com fé firme. Então, creio que hoje nos dá ocasião justamente de perceber as coisas bonitas de nossa fé; que dão sentido a nossa vida. Nossa vida cristã que integra, sim, a dor. Não dizemos que não tem sentido. Tem sentido, como não? O têm a dor e a glória”, manifestou Dom Odilo, completando que “estaremos um dia com Ele na glória, mas, por enquanto, não esperemos para segui-lo, para sermos suas testemunhas; de sermos aqueles que, neste mundo, anunciam a Boa Nova do Reino de Deus pela palavra, pelo testemunho, pela presença, pela atuação em meio a sociedade pelo testemunho de fé e caridade”.
Ao fim da celebração eucarística, Monsenhor Sérgio agradeceu a presença do Arcebispo Metropolitano e comentou que este ano de comemorações é importante não simplesmente para festejar, “mas para que a comunidade do Brás seja uma comunidade viva, católica de verdade”, principalmente iniciando com a bênção de Dom Odilo.
A vereadora Edir Sales (PSD), presente na celebração, leu uma carta da Câmara Municipal de São Paulo, em felicitação pela abertura do ano jubilar.
História
A Paróquia Bom Jesus foi a quarta Igreja fundada na cidade de São Paulo, tendo sua história inteiramente ligada à do bairro do Brás.
O fundador do bairro, José Brás, teve iniciativa de erguer, em 1769, uma capela, onde atualmente está o Colégio Romão Pulggari, em honra a Bom Jesus do Matosinhos. Trinta e quatro anos depois, em 1803, foi substituída por uma igreja, que foi elevada à categoria de paróquia no dia 8 de junho de 1818 por Sua Majestade Dom João VI.
O lançamento da pedra fundamental da atual matriz da Paróquia Bom Jesus do Brás ocorreu em 1896, pelas mãos do então Bispo de São Paulo, Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcante, e a inauguração solene, em 1º de janeiro de 1903, por Dom Antonio Candido de Alvarenga.
A festa
Segundo o Monsenhor Tani, celebra-se não apenas os 200 anos da igreja, mas também do Brás, de toda comunidade. Ele disse ao O SÃO PAULO estar contente pelo excelente relacionamento com o comércio, as indústrias e os trabalhadores do Brás. Afirmou, também, querer “continuar indo ao encontro das famílias” e evangelizar os que moram próximo.
A festa ainda não tem agenda de comemoração para o ano todo. Por enquanto, teve apenas a apresentação do Coral da Capela, após a missa de abertura do jubileu, e a procissão luminosa pelas ruas do Brás, às 18h do domingo, 6, e terá a festa de rua em todos os finais de semana de agosto.