Por Larissa Freitas, Millena Guimarães e Renata Moraes

Nesta quarta-feira (25), a cidade de São Paulo completa 463 anos de fundação. Também nesta data comemora-se a festa da conversão de São Paulo Apóstolo, patrono da Arquidiocese de São Paulo. Em São Paulo, Igreja e cidade têm suas histórias entrelaçadas. Fundada em 1554 São Paulo nasceu a partir de uma missão religiosa, liderada pelos missionários jesuítas que organizaram a cidade a partir dos trabalhos dispensados em torno do Pátio do Colégio.

A construção da cidade 

Em entrevista ao Portal Arquisp, Carla Galdeano, historiadora do Museu do Pateo do Collegio contou sobre a fundação da cidade que traz o nome do Apóstolo Paulo. Carla recorda que a construção do colégio acontece com a chegada da Ordem religiosa “Companhia de Jesus”, também conhecidos como jesuítas, com a intenção de ensinar e catequizar os indígenas que ali viviam.“Um grupo de 13 jesuítas, dentre eles Padre Manoel de Paiva, o jovem irmão em formação José de Anchieta (hoje São José de Anchieta, canonizado em 2014), e o Padre Manoel da Nobrega, juntos e com o líder indígena Cacique Tibiriçá constroem uma pequena cabana feita de pau a pique (técnica de construção com barro, bambu e palha) ”.

Cercado pelos rios Tamanduateí e Anhangabaú, o colégio é instalado no alto da colina, local onde todos ao redor pudessem avistar. As aulas aconteciam no pátio do colégio, ao ar livre, para promover maior adaptação e semelhança ao habitat natural dos índios, por isso o local foi batizado com o nome Pateo do Collegio. Os jesuítas utilizavam a arte, o teatro, a música para catequisar os índios.

A inauguração do Colégio no Planalto de Piratininga foi no dia 25 de janeiro de 1554. Foi a partir dessa construção, a pequena cabana feita de pau a pique, que nasceu a Cidade de São Paulo. “O interessante é que São Paulo surge de uma escola, ao contrário de outras cidades do Brasil que surgem de um processo colonizador e exploratório. A cidade já nasce com o cuidado com o outro, que eu acho uma das questões que precisa ser resgatada na nossa cidade”, concluiu Carla.

O Apóstolo São Paulo

Judeu fervoroso e de família fariseia, São Paulo nasceu na Galileia, mas ainda em sua infância foi prontamente enviado para Társis para ser aluno de Gamaliel, o ancião. Excelente aluno, o apóstolo acompanhou os primeiros momentos do desenvolvimento da Igreja e da pregação de Jesus Cristo, conviveu com os primeiros apóstolos, cristãos e mártires, diz a tradição que ele é quem estava no martírio de Santo Estevão (primeiro mártir), segurando os mantos daqueles que atiravam as pedras.

Porém, por ser um judeu impetuoso, Paulo ia contra a pregação cristã inicial, sua visão era de que estavam enganando os seus e levando –os para uma fundação nova, que seria o cristianismo. Ele frisava o fato de estar havendo uma distorção do judaísmo e com mentiras, a grande fraude para ele era que o Cristo estava vivo, pois todos sabiam que o Cristo tinha morrido. O apóstolo tinha interpretação direta de que dessa maneira não era possível viver um judaísmo autêntico, para tanto, acusou os cristãos de falsos falsificadores e tentou impedir o acontecimento da religião.

Paulo perseguidor

A visão de Paulo sobre os cristãos, o levou a persegui-los, em uma Carta aos Gálatas, Paulo diz claramente: Eu persegui os cristãos! Aos seus olhos, os bons judeus estavam sendo desviados, destruindo assim, a tradição autêntica de Israel. À vista disso, Paulo recebeu do sumo sacerdote autoridade para agir, o judeu poderia ir até Damasco e prender a primeira comunidade cristã que lá se organizava. Porém, durante a viagem, foi cercado por uma luz vinda do céu e caindo por terra ouviu uma voz, que lhe disse:

“Saulo, Saulo, por que me persegues? ”. Saulo disse: “Quem és Senhor? ” Respondeu-lhe: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues.Então trêmulo e atônito, disse ele: “Senhor, que queres que eu faça? ”. Respondeu-lhe o Senhor: ] “Levanta-te, entra na cidade. Aí te será dito o que deves fazer” (Atos 9:4-6)

Paulo levantou e foi, porém, naquele momento não enxergava nada, por três dias ficou sem ver, comer e beber. Ananias, através do chamado de Deus o ajudou a recuperar a visão e a partir daí como relatada por ele em Gálatas, Deus revelou nele seu filho, para que o anunciasse aos pagãos.

Esse ato em que Paulo percebe Jesus é o momento de sua conversão e a partir desse instante ele muda de vida e passa a evangelizar e pregar para os gentios.

São Paulo Apóstolo patrono da Arquidiocese de São Paulo

São Paulo Apóstolo foi declarado patrono da Arquidiocese de São Paulo na festa do centenário da Arquidiocese em 8 de junho de 2008

No decreto que institui o novo patrono, a Santa Sé afirma que “o clero e os fiéis da Arquidiocese de São Paulo no Brasil honraram e continuam a honrar, com especial e assíduo culto, o apóstolo São Paulo, ao qual, enquanto se dirigia para Damasco, ainda alimentando ameaças de morte contra os discípulos do senhor, o próprio Jesus manifestou-se glorioso para que, repleto do Espírito Santo e padecendo de muitos sofrimentos pelo nome de Cristo, anunciasse o Evangelho aos gentios”.

LEIA AQUI: Decreto de confirmação do Apóstolo São Paulo como Patrono da Arquidiocese de São Paulo (2008)

A cidade de São Paulo hoje

A capital paulista hoje é considerada a cidade mais populosa do Brasil, com aproximadamente 12 milhões de habitantes. Um dos maiores aglomerados urbanos do mundo, perdendo apenas para Tóquio, a cidade responde a qualquer estímulo, seja ele bom ou ruim e é considerada a cidade dos mil povos e das mil línguas, recebe uma ampla onda migratória e hospeda aproximadamente seis milhões de imigrantes, vindos do Haiti, da Bolívia, da Síria e outros demais países que seguem em busca de refúgio.

Contemporânea, cultural, profissional, encantadora, respeitável e democrática, a cidade de São Paulo abriga o maior polo cultural brasileiro, além disso, é a capital internacional da gastronomia, possui o maior centro hospitalar do país, cidade do samba, das festas, do trabalho, sede de grandes centros estudantis e tantas outras virtudes que abrangem a completa harmonização de história e atualidade.

A Arquidiocese de São Paulo parabeniza a cidade pelos seus 463 anos de vivência, luta e história!