“O seu recado ficará para sempre”, afirma padre Júlio Lancellotti

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Vigário episcopal para a pastoral do povo da rua convidou a todos os grupos e movimentos em situação de rua para participar da missa das 20h
Publicado em: 15/12/2016 - 23:00
Créditos: Edcarlos Bispo


A missa de corpo presente das 20h foi presidida pelo vigário episcopal para a pastoral do povo da rua, Padre Júlio Lancellotti. Vários grupos e movimentos que trabalham com a população em situação de rua participaram da celebração.

Padre Júlio fez a homilia ao lado do caixão de Dom Paulo. De lá, o sacerdote destacou que todas as vezes que “achávamos [os coordenadores de pastoral, padres e líderes sociais] que não íamos aguentar mais, o senhor até sorria e dizia ‘tem coragem’”.

“Cada pessoa que está aqui, Dom Paulo, tem uma história para te contar, tem uma lembrança guardada de ti. Nos momentos mais difíceis que cada um de nós viveu, e eu também vivi, o senhor sempre abriu os braços e nos acolheu com carinho”.

E concluiu: “obrigado Dom Paulo. Essa fila que não para é o povo que caminha e que caminhará em seus passos e o seu recado ficará para sempre. Todos os grupos e movimentos sociais que estão aqui e que amanhã querem estar aqui para se despedir do senhor querem dizer: Jamais te esqueceremos, dom Paulo vive para sempre”.

Ao final da celebração, o professor Fernando Altemeyer leu uma carta do teólogo Leonardo Boff na qual ele destacou a amizade que tinha com o Arcebispo emérito e sua luta pelos direitos humanos. “Morre não é morrer. É atender a um chamado de Deus. Deus o chamou e você foi contente ao seu encontro. Lá encontrará, estou seguro, os milhares de pobres, refugiados, torturados e assassinados que você defendeu, protegeu e por eles arriscou sua própria vida”.

Flávio Arns, sobrinho de Dom Paulo, destacou que a família não é apenas a família de sangue e que, se vivo estivesse, diria que a grande família dele é o povo de São Paulo e do Brasil. “A missão continua, a missão de Dom Paulo continua também através de todos nós no Brasil”.

Flávio destacou que várias comunidades de base e paróquias foram criadas na periferia com a venda do palácio episcopal gerando uma organização popular em torno dessas comunidades. De acordo com ele, Dom Paulo sempre insistia para a organização do povo. “Povo organizado, sabe o que quer”.