Vaticano lança nova imagem visual

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Mudança faz parte das reformas na comunicação institucional promovidas pelo Papa Francisco
Publicado em: 16/01/2018 - 09:30
Créditos: Redação

Vatican Media

Começam-se a ver os resultados concretos da reforma no sistema de comunicação do Vaticano, discutidas há mais de 20 anos, mas implantadas apenas desde 2015. A Secretaria para a Comunicação, liderada pelo Monsenhor Dario Edoardo Viganò, lançou em dezembro uma nova identidade visual das mídias do Vaticano. Isso já reflete a unificação dos vários meios de comunicação e escritórios que trabalham nesta área. Até pouco tempo atrás, eles atuavam de forma quase independente. 

“O sistema das mídias do Vaticano adota um novo modelo produtivo, fundado sobre a integração e a gestão unitária, em plena sintonia com a reforma desejada pelo Papa Francisco”, adverte o comunicado da Secretaria, divulgado aos jornalistas em 13 de dezembro. A reforma, entretanto, não significa recomeçar as coisas do zero. Segundo a Secretaria, o objetivo é aumentar o “trabalho em time” dos funcionários do Vaticano e “responder às exigências da missão da Igreja diante dos desafios do ambiente digital contemporâneo”. 

São nove as instituições envolvidas nessa reforma: a produtora de TV, chamada Centro Televisivo Vaticano ; a editora Libreria Editrice Vaticana ; o jornal L’Os servatore Romano ; o já extinto Pontifício Conselho das Comunicações Sociais; a rádio Vaticano , que agora funcionará em ondas sonoras somente na versão italiana; a Sala de Imprensa da Santa Sé; o Serviço Fotográfico; o Serviço de Internet Vaticano e a Tipografia Vaticana. 

Todos esses escritórios agora estão sob o controle da Secretaria para a Comunicação e, institucionalmente, a representam com uma única instituição. Por sua vez, a Secretaria responde diretamente ao Papa Francisco e, ainda, presta satisfações ao Conselho de Cardeais (C9), formado por nove cardeais que auxiliam o Pontífice na reforma da Cúria Romana.

 

NOVA IDENTIDADE 

No seu primeiro discurso aos membros da Secretaria para a Comunicação, o Papa Francisco declarou que “reforma não é pintar um pouco as coisas, mas é dar uma outra forma às coisas, organizá-las de outro modo”. De fato, em entrevista exclusiva ao O SÃO PAULO , publicada em março do ano passado, Monsenhor Viganò declarou que, nesta reforma, “diminuem-se as estruturas, mas permanecem os serviços”. 

A ideia é que o Vaticano não deixe de produzir nada e, em princípio, não se desfaça dos funcionários que já tem nas redações. A reforma busca mudar o modelo de negócios e de produção, que segue a linha aplicada pela Disney.

“O critério apostólico nunca pode justificar a ignorância na gestão. A boa vontade e o critério apostólico não autorizam ninguém a desperdiçar dinheiro”, dizia Monsenhor Viganò. “Ter um modelo, mesmo que venha de um ambiente altamente comercial, ajuda a construir uma visão do working flow [fluxo de trabalho], maximizar as habilidades, o profissionalismo, tornar a comunicação mais eficaz e conter custos."

Sendo assim, a unificação das mídias do Vaticano significa criar um Centro Editorial Multimídia, isto é, uma grande e única redação que produz conteúdos de áudio, texto, vídeo e artes gráficas, em várias línguas e para vários canais. São 350 redatores, jornalistas e técnicos, que originalmente trabalhavam em 40 redações das nove instituições que participam da reforma.

“Isso permitirá processar as notícias em maneira multimídia e seguir o fluxo do começo ao fim. Mas ao menos dois segmentos continuam reservados à supervisão da Secretaria de Estado: as comunicações oficiais da Sala de Imprensa da Santa Sé e os artigos  de política do L’Os servatore Romano ”, explicava Monsenhor Viganò naquela entrevista. 

Agora, os conteúdos serão produzidos somente em seis línguas principais: Italiano, Inglês, Francês, Alemão, Espanhol e Português. E serão divididos em quatro áreas temáticas: Papa, Vaticano, Igreja e Mundo.

 

NOVA IMAGEM 

O novo site de notícias do Vaticano já está no ar e agora se chama Vatican News: www.vaticannews.va. Neste canal estão todas as notícias oficiais da Santa Sé, eliminando a diversidade de endereços e símbolos que existia antes, especialmente entre o site News.va , as diversas redações da rádio Vaticano e o L’Osservatore Romano.

Nesse sentido, a Secretaria criou também uma nova imagem pública para os meios vaticanos, representada em três novos logotipos. Os três símbolos têm a tiara papal e as chaves de São Pedro, representando o papado, mas são de cores diferentes. Assim, mantém-se a identidade visual, mesmo em serviços diferentes.

Para o site Vatican News , o logotipo é vermelho. Este desenho “representa grande parte do sistema comunicativo [do Vaticano], na tentativa de simplificar a imagem e de superar a pulverização de marcas do passado”, avisa o comunicado da Secretaria. “Essa marca identifica os canais sociais no Twitter, Facebook e YouTube para cada uma das redações linguísticas, e no Instagram com um perfil comum a todas as línguas.” 

O braço chamado Vatican Media, que por sua vez tem o logo azul, identifica toda a produção midiática do Vaticano em áudio e vídeo. Desde imagens cruas, distribuídas às agências de notícias e redes de televisão, até transmissões ao vivo e documentários produzidos internamente. Inclui, também, produções radiofônicas. 

Por último, permanece viva a rádio Va ticana Italia , transmitida em FM na região de Roma e em rádio digital, como uma rádio nacional, mas somente em território italiano. Essa rádio “comenta a atualidade com os olhos da Igreja”, lembra a nota da Secretaria.

Falando sobre isso ao jornal italiano Corriere della Sera , em dezembro, Monsenhor Viganò comentou que é não se pode equiparar a reforma da comunicação no Vaticano simplesmente com a reforma do site de notícias. “Isso é só um efeito”, afirmou. “A reforma não pensa em um meio, em particular, mas permite um novo modelo de produção, fundando sobre gestão unitária. Um tempo atrás a TV fazia só TV e não podia fazer rádio. A rádio fazia rádio, mas não TV. Isso é passado e estamos já um pouco atrasados. As identidades se confluem, pois o digital impõe uma abordagem multimídia.”