Vale a pena ser padre!

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Na abertura do mês vocacional, O SÃO PAULO apresenta o testemunho dos padres Bruno, Ricardo e Pedro, do clero arquidiocesano
Publicado em: 04/08/2017 - 12:00
Créditos: Redação

No mês vocacional, e por ocasião da comemoração do Dia do Padre, celebrado na sexta-feira, 4, na memória litúrgica de São João Maria Vianney, Patrono dos Sacerdotes, o jornal O SÃO PAULO relata a história de três padres da Arquidiocese de São Paulo que falaram sobre o mistério do chamado de Deus em suas vidas e testemunharam que vale a pena ser sacerdote. 

 

Deixar tudo

Aos 25 anos, com curso superior concluído, trabalhando em uma estatal, apaixonado por festivais de música, surf e com muitos amigos, o jovem carioca Ricardo Antonio Pinto decidiu dar um passo decisivo em sua vida. Porém, essa decisão começou a ser refletida antes, ainda quando tinha 17 anos, quando começou a participar de um grupo de jovens. “Um dia, atravessando uma grande avenida do Rio de Janeiro, perguntei-me se a multidão que estava ao meu redor tinha possibilidade de celebrar e receber a Eucaristia. Senti uma resposta interior: ‘Não!’. Perguntei-me o porquê. ‘Não tem quem reúna esse povo, celebre com eles e faça da Eucaristia alimento para esse povo’, senti como resposta. ‘Você pode fazer isso!’ O farol se abriu, olhei a multidão do outro lado e, a partir daí, fui ‘deixando tudo’ para legitimar a escolha de Deus como o único ‘tudo’”, contou o Padre Ricardo, Pároco da Paróquia São João Batista, na Região Episcopal Ipiranga, hoje com 59 anos e sacerdote há 23 anos. 

“Vale a pena aceitar o chamado para ter somente Deus como ‘tudo’... Ele é a nossa alegria, o nosso grande ideal, o nosso único ‘apoio’. É desse amor incondicional que nascem, para glória de Deus, os frutos da ‘vida em abundância’, que a humanidade espera”, ressaltou Padre Ricardo. 

 

Junto ao povo 

Pelas ruas do Heliópolis, zona Sul da Capital, Padre Pedro Luiz Amorim Pereira, 39, atende as pessoas, compartilha das dores e alegrias dos fiéis e enfrenta as mesmas dificuldades dos moradores daquela que já foi considerada a maior favela do País. 

“Já precisei trabalhar fora para me sustentar. Acordo cedo e vou dormir tarde. Quando há ‘pancadão’, eu também não durmo. Quando há algum toque de recolher, eu também me recolho. Só não fecho a igreja, porque é a esperança e a presença de Deus aqui dentro... É também ser uma presença corajosa e não ter medo de enfrentar as dificuldades, mesmo quando elas te tentam a se calar, a não fazer, ou a ficar na sacristia... Muito do meu atendimento, meu escritório, é na rua, é andando. Faço mais pastoral na porta da igreja e nas ruas do Heliópolis do que efetivamente dentro de um escritório. Sou o padre desse povo”, afirmou. 

Foi para viver essa entrega que Padre Pedro, formado em Marketing, deixou sua estabilidade profissional em um banco, para entrar no seminário, aos 24 anos. “A minha decisão vocacional foi consequência de uma vida cristã católica. Minha família sempre foi católica, meus pais sempre tiveram vida pastoral. Os padres com os quais vivi sempre foram boas testemunhas, bons pastores e me fizeram, desde pequeno, ter uma imagem bonita do Sacerdócio”, destacou o Presbítero, ordenado no ano de 2009.

 

Oblação pelos irmãos 

Prestes a completar 18 anos e indo para o segundo ano do curso de Biologia na USP, o jovem Bruno Muta Vivas foi tomado por uma inquietação crescente no coração de que ali não era o seu lugar. “Não era um simples descontentamento com o curso, mas era uma sensação de que Deus me pedia mais! Que me pedia uma entrega total, a que todos os cristãos são chamados, mas numa modalidade diferente, se podemos falar assim, sendo eu mesmo oblação; em suma, que eu me santificasse, santificando meus irmãos”, disse. Depois de formado, e tendo trabalhando um período na área, ele decidiu entrar no seminário. 

Ordenado em dezembro de 2016, Padre Bruno, hoje Vigário Paroquial da Paróquia São Luís Gonzaga e também com atuação na Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima, ambas na Região Episcopal Brasilândia, afirmou que os últimos oito meses foram os mais felizes da sua vida. “Não que antes fosse ruim, mas desde que fui ordenado tenho a grande certeza de que foi aqui que Deus sempre me quis. É a felicidade de saber-se muito amado por Deus, de ser portador de um grande dom: de poder, por misericórdia divina, trazer Jesus à Terra, perdoar pecados, de ser Cristo para o mundo! Um grande tesouro, trazido em vaso de barro, como fala São Paulo”, concluiu. 

 

 

 

 

Mensagem do Arcebispo aos Padres

Arquidiocese de São Paulo Pastoral Vocacional
Arquidiocesana Centro Vocacional Arquidiocesano

 

Caríssimos Padres da Arquidiocese de São Paulo

Estamos iniciando mais um mês de agosto, conhecido como o mês vocacional. É um momento oportuno para pensar no chamado, na história de nossa vocação e, a partir daí, animar os demais membros da comunidade, “reavivando o dom recebido” (2Tm 1, 6-11). 

Em cada semana de agosto, celebramos uma vocação específica. Assim, na 1ª semana, rememoramos a vocação ao ministério ordenado (diaconato, presbiterato e episcopado); na 2ª semana, lembramos a vocação ao casamento e à família; na 3ª semana, a vocação à vida consagrada religiosa; e, na 4ª semana, rezamos pelas vocações laicais na Igreja, especialmente dos catequistas e evangelizadores. 

O Papa Francisco, em sua mensagem para o Domingo do Bom Pastor (4º Domingo da Páscoa), cujo tema foi “Impelidos pelo Espírito para a Missão”, inspirou-nos para a animação mais missionária e paroquial em prol das vocações. 

Assim, gostaria de convidar e animar cada sacerdote a valorizar o “agosto vocacional”, promovendo a oração pelas vocações nas celebrações paroquiais e nas famílias. “Rogai ao Senhor da messe, que mande operários para a sua messe” (cf. Lc 10,1-9), foi a recomendação de Jesus. Além disso, convidando as pessoas a se interessarem pelas vocações. Sem “chamado”, não há “resposta”: chamemos, convidemos os adolescentes e jovens a pensar na vocação sacerdotal, lancemos a semente... 

Demos também um passo concreto no sentido de organizar a pastoral vocacional e “grupos vocacionais” nas paróquias, para um trabalho mais perseverante e duradouro no sentido de despertar, acompanhar, discernir e encaminhar vocacionados ao seminário da arquidiocese e de outros seminários. Nós todos precisamos pensar nos futuros padres, que irão nos ajudar e suceder em nossa missão. A pastoral vocacional deve existir em cada paróquia. Procuremos identificar alguns casais sensíveis às vocações para ajudar. Mas o primeiro “promotor vocacional” de cada paróquia deve ser o próprio padre! 

O Papa Francisco, no documento preparatório do Sínodo da Juventude, nos alerta que devemos amar os jovens, ajudando-os a fazerem um bom discernimento vocacional. Para isso, é necessário chamar, acompanhar e discernir os sinais do chamado junto aos jovens. Assim, havendo algum jovem com sinais de vocação ao sacerdócio, encaminhá-lo para o nosso Centro Vocacional Arquidiocesano, para o acompanhamento vocacional dele. 

Nossa Senhora, Mãe do Sumo Sacerdote e das vocações, nos ajude no nosso “sim” diante da urgência do trabalho vocacional na nossa Igreja. Deus abençoe a cada um e faça frutificar seu generoso trabalho sacerdotal em favor da Igreja. Votos de todo o bem!
 

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo metropolitano de São Paulo

Pe. Messias de Moraes Ferreira Promotor
Vocacional Arquidiocesano