Um Sínodo diferente

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Características especiais em relação aos Sínodos anteriores são observadas por analistas
Publicado em: 01/10/2014 - 10:15
Créditos: Edição nº 3021 do Jornal O SÃO PAULO – página 09

Analistas do Vaticano observam neste Sínodo características especiais em relação aos anteriores. O editor do jornal norte-americano National Catholic Reporter, Dennis Coday, analisou, em artigo do dia 26 de setembro, três aspectos essenciais da assembleia que começa nesta semana (5 de outubro de 2014). O primeiro é justamente o fato de que não é esperado agora nenhum resultado concreto após as reuniões. Esta assembleia extraordinária existe “para discutir as experiências vividas das experiências das famílias hoje”. Por isso, em vez de uma exortação pós-sinodal (documento assinado pelo Papa com as conclusões do encontro), “este sínodo deve produzir um relatório das discussões, que será enviado às dioceses de todo o mundo, em preparação para o sínodo do ano que vem”.

O segundo aspecto levantado por Coday é o fato de que se espera do Papa Francisco uma participação ativa nos debates do Sínodo. “O tópico é uma iniciativa de Francisco”, lembra o jornalista. Em assembleias anteriores do Sínodo dos Bispos, os papas João Paulo II e Bento XVI tiveram papel secundário durante os encontros, de observação e oração. O olhar desses Papas aparecia mais no documento final. “Francisco, por sua vez, gosta de envolver os participantes das reuniões com perguntas, piadas e comentários.” O terceiro ponto, diz Coday, diz respeito exatamente à metodologia das discussões. A secretaria do Sínodo tentou estruturá-las de maneira a estimular o confronto de ideias. Haverá discursos de 40 minutos, respostas mais breves e sessões em pequenos grupos de trabalho, o que, para Coday, será o “coração da reunião”. Esse estilo de debates, observa o editor, foi muito usado por Jorge Mario Bergoglio nos encontros do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) de 2007, em Aparecida.

Mais de um ano separa a atual assembleia extraordinária e a assembleia ordinária em 2015. Tempo que, segundo Dom Bruno Forte, será usado para “refletir, consultar as igrejas locais, maturar o discernimento” sobre os debates deste ano. “Esperamos que a maturação possibilitada pelas duas etapas possa ajudar toda a Igreja a encontrar as melhores propostas a serem apresentadas para o juízo do sucessor de Pedro”, explicou ao Città Nuova. “O caminho será desafiador, por isso, o Papa pediu um empenho especial de oração e apoio dos trabalhos sinodais”.

Felipe Domingues