Somos testemunhas da presença de deus na cidade?

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A relação do Sinodo Arquidiocesano e da vida da Igreja de São Paulo com o a história e aniversário da capital paulista
Publicado em: 24/01/2018 - 13:00
Créditos: Redação

Luciney Martins/O SÃO PAULO

A cidade de São Paulo completará 464 anos de fundação, na quinta-feira, 25, em um momento em que a Igreja reflete sobre sua vida e missão na maior metrópole do Brasil, durante o primeiro sínodo arquidiocesano. 

“Qual é a missão da Igreja em cada uma das 303 paróquias de nossa Arquidiocese, presentes nos inúmeros bairros de nossa imensa Cidade?”. Essa é umas das reflexões propostas pelo subsídio que norteará os trabalhos sinodais nas paróquias ao longo de 2018. 

Convocado pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, em junho de 2017, o sínodo arquidiocesano pretende promover um caminho de comunhão, conversão e renovação missionária à luz do lema “Deus habita esta cidade, somos suas testemunhas”. 

“Durante esta primeira etapa do sínodo, somos convidados a uma ampla tomada de consciência e avaliação sobre a presença e atuação evangelizadora de nossa comunidade e de cada comunidade paroquial da Arquidiocese. Estamos sendo testemunhas verdadeiras da presença de Deus na Cidade?”, destaca Dom Odilo, na apresentação do subsídio. 

O roteiro, elaborado por uma equipe de peritos do sínodo, propõe um encontro celebrativo que marque o início dos trabalhos paroquias, que acontecerão em março, após a celebração de abertura oficial do sínodo, em 24 de fevereiro, no Colégio São Luiz, na zona Sul. Também é prevista a realização, em âmbito paroquial, de sete reuniões em grupos, de abril a outubro, nas quais serão abordados temas referentes às diversas dimensões da vida e da missão da própria Igreja, que estão presentes também na paróquia. “O que é a paróquia e qual é sua missão? A paróquia e seu serviço à Palavra de Deus, à caridade pastoral, à santificação do Povo de Deus”, destacou o Cardeal Scherer. 

 

PARÓQUIA: FACE VISÍVEL DA IGREJA

“Cada paróquia, comunidade de comunidades, é o lugar de viver concretamente a comunhão com Deus e os irmãos. Ela é a face visível da Igreja, formada de pessoas, famílias, organizações e serviços dentro de um determinado território da Arquidiocese”, ressalta o subsídio ao convidar os paroquianos a tomarem consciência de que a comunidade paroquial é o local onde cada fiel vive a sua fé, acolhe e anuncia a Palavra de Deus, testemunha a vida nova recebida nos sacramentos e vive a fé, a esperança e a caridade. 

Nesse sentido, a comunidade paroquial não pode se fechar em si mesma, mas deve também viver em comunhão com as outras paróquias e com a Arquidiocese inteira. “Ela precisa expandir-se em missão, indo ao encontro de todos e acolhendo a todos, como fez Jesus, o Bom Pastor”, diz o texto.

 

MISSIONARIEDADE

A dimensão missionária é fundamental na vida da paróquia e deve estar presente em todas as suas ações e organizações. O 12º Plano Arquidiocesano de Pastoral reforça que “a paróquia que não é missionária envelhece em pouco tempo”. Por isso, as iniciativas, preocupações e programas pastorais “devem estar impregnados pelo anseio e o compromisso de anunciar Jesus Cristo”. 

Como reforça o subsídio sinodal, a principal missão da paróquia é promover e assegurar o anúncio da Boa Nova da Palavra de Deus “para chamar as pessoas para Deus, alimentar e formar a fé dos fiéis nos caminhos do Senhor, nas diversas etapas de sua vida”. O texto reforça, ainda, que a comunidade paroquial tem a missão de mostrar a todos o caminho da vida santa, pela pregação do Evangelho e a formação cristã e a celebração dos sacramentos. Em outras palavras, “a paróquia é lugar de santificação”.

 

TESTEMUNHO DA MISERICÓRDIA

“Será que a nossa comunidade paroquial se destaca em nosso bairro pela prática das obras de misericórdia, conforme o exemplo e a recomendação de Jesus, o Bom Pastor?”, indaga o texto, ao recordar que um dos grandes testemunhos eclesiais, ao longo da história, é o compromisso com a pessoa humana e com a vida, mediante o cuidado dos doentes, pobres, feridos e submetidos à violência ou ameaça de morte.
 

URGENTE RENOVAÇÃO

Tomando como base o Documento de Aparecida, o subsídio recorda que a conversão pastoral, pessoal e comunitária se dá por um encontro pessoal e profundo com Jesus Cristo. “Ninguém será missionário nem vai renovar nada na Igreja, sem esse renovado encontro com Cristo e na escuta do Espirito Santo”. 

No anúncio e convocação do sínodo, o Cardeal Scherer recordou que há “uma urgente necessidade de renovar a evangelização e a vida pastoral em nossa Arquidiocese. A mudança de época em curso na sociedade e na cultura também atinge fortemente a vida eclesial e seus efeitos aparecem numa persistente crise de fé religiosa, numa adesão sempre menor à vida eclesial e no progressivo abandono da Igreja e até da fé cristã”. Nesse aspecto, os paroquianos são convidados a refletir sobre a necessidade de a Igreja viver em estado permanente de missão. “A consciência e a ação missionária devem impregnar todas as organizações paroquiais e ações pastorais”, destaca o texto, a partir do 12º Plano de Pastoral. 

“Será que nossa paróquia está sendo um claro sinal de que Deus habita nesta parte da Cidade? Será que precisamos rever nossas ações e avaliar nossas organizações paroquiais, para termos melhores condições de realizar bem a missão de levar a alegria do Evangelho a esta parte da grande Metrópole?”, provoca o subsídio, enfatizando que a presença de tantos cristãos, discípulos de Cristo, entre os habitantes de São Paulo, pode e deve ajudar esta Cidade a ser mais humana, solidária e respeitosa com as pessoas. “Uma cidade digna de Deus e dos filhos de Deus que nela habitam”.