Papa no México: 'O santuário de Deus são as nossas famílias'

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O Santo Padre celebrou missa no Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, onde se deteve em oração silenciosa diante do ícone da Virgem Maria
Publicado em: 14/02/2016 - 16:00
Créditos: Redação com Rádio Vaticano

O Papa Francisco realiza sua viagem apostólica internacional ao México. O Santo Padre desembarcou na capital mexicana na noite de sexta-feira, 12, depois de uma escala em Cuba, onde teve o encontro histórico com o Patriarca de Moscou.

No aeroporto da Cidade do México, Francisco foi recebido pelo presidente da república, Enrique Peña Nieto, e sua esposa, sendo saudado por inúmeros fiéis, com canções e danças típicas.

“É motivo de alegria poder pisar esta terra mexicana que ocupa um lugar especial no coração das Américas. Hoje venho como missionário de misericórdia e de paz, mas também como um filho que quer prestar homenagem à sua mãe, a Virgem de Guadalupe, e deixar-se olhar por Ela”, disse Francisco em seu discurso de boas-vindas, realizado na manhã do sábado, 13, no pátio central do Palácio Presidencial.

O Pontífice ressaltou as riquezas naturais mexicanas, a sua localização geográfica, que faz do país uma encruzilhada das Américas, e as suas culturas indígenas, mestiças e crioulas. Todavia, acrescentou, a principal riqueza do México são os seus jovens. “Isto permite pensar e projetar um futuro, um amanhã. Isto dá esperança e abertura ao futuro. Um povo rico de juventude é um povo capaz de se renovar, de se transformar.”

Virgem de Guadalupe

Na tarde do sábado, o Papa presidiu uma missa no Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, num dos eventos mais aguardados desta sua 12ª viagem apostólica internacional que segue até quarta-feira, 17.

A visita à casa de Maria foi expressamente desejada pelo Pontífice para venerar o ícone de Nossa Senhora de Guadalupe, diante do qual deteve-se longamente em oração após a celebração.

“O santuário de Deus são as nossas famílias que precisam do mínimo necessário para se poderem formar e sustentar. O santuário de Deus é o rosto de tantos que encontramos no nosso caminho”, afirmou o Pontífice na homilia.

Partindo do Evangelho da liturgia própria da Santíssima Virgem de Guadalupe, Francisco havia iniciado a homilia recordando o episódio da visita de Nossa Senhora a sua prima Isabel para traçar em seguida a figura de Maria como a mulher do sim, um sim de entrega a Deus e aos irmãos.

“Escutar esta passagem do Evangelho nesta casa tem um sabor especial. Maria, a mulher do sim, também quis visitar os habitantes desta terra da América na pessoa do índio São Juan Diego. Assim como se moveu pelas estradas da Judeia e da Galileia, da mesma forma alcançou Tepeyac, com as suas roupas, usando a sua língua, para servir esta grande nação”, destacou o Santo Padre

Francisco acrescentou que também hoje Maria continua a fazer-se presente junto de todos, especialmente daqueles que sentem que “não valem nada”.

Referindo-se à apresentação de Maria ao “humilde Juanito”, o Papa disse que “naquela madrugada de dezembro de 1531, tinha lugar o primeiro milagre que se tornará depois a memória viva de tudo o que guarda este Santuário. Naquele amanhecer, naquele encontro, Deus despertou a esperança de seu filho Juan, a esperança do seu povo”.

Com bispos mexicanos

Ainda no final da manhã do sábado, o Bispo de Roma se encontrou com o episcopado mexicano na Catedral da Cidade do México. Em seu longo e intenso discurso, Francisco dividiu sua reflexão em quatro pontos, sempre inspirados em Nossa Senhora de Guadalupe e pediu coragem para enfrentar a chaga do tráfico de drogas.

 “Peço que vocês não subestimem o desafio ético e anticívico que o narcotráfico representa para a sociedade mexicana inteira, incluindo a Igreja”, pediu. “A amplitude e complexidade do fenômeno... exigem uma coragem profética e um projeto pastoral sério e qualificado para contribuir, gradualmente, a tecer aquela delicada rede humana, sem a qual todos estaríamos, desde o início, derrotados por tal ameaça insidiosa”, continuou.

Afirmando que “não há necessidade de ‘príncipes’, mas de uma comunidade de testemunhas do Senhor na qual Cristo é a sua única luz, o Papa exortou os bispos mexicanos a conservar a comunhão e unidade entre eles.

“A comunhão é a forma vital da Igreja, e a unidade dos seus pastores dá prova da sua veracidade. O México e a sua vasta e multiforme Igreja têm necessidade de bispos servidores e guardiães da unidade construída sobre a Palavra do Senhor, alimentada com o seu Corpo e guiada pelo seu Espírito que é o alento vital da Igreja”, manifestou.

Neste domingo, 14, o Santo Padre preside missa campal em Ecatepec, subúrbio da Cidade do México, um dos lugares mais violentos do País, e visita o Hospital Pediátrico “Federico Gómez”, na capital mexicana.