Papa Francisco sobre a autodestruição do homem

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Em entrevista ao jornal francês Paris Match, Francisco fala do papel do homem diante das crises internacionais
Publicado em: 15/10/2015 - 16:15
Créditos: Redação com Rádio Vaticano

Mudanças climáticas, crises internacionais, pobreza e ameaças contra os cristãos: em entrevista ao semanário francês Paris Match, o Papa Francisco reitera as linhas mestras de seu Pontificado, sem jamais esquecer, afirma, ter sido “um padre das estradas”.

Renúnica à idolatria

Como fazer para proteger o homem de sua destruição? “Renunciando à idolatria do dinheiro, recolocando no centro o ser humano, a sua dignidade, o bem comum, o futuro das gerações que habitarão a Terra depois de nós”, que, do contrário, serão destinadas a viver num “cúmulo de destroços e de sujeira”.

O Santo Padre respondeu de modo direto a todas as perguntas, inclusive às mais pessoais, quando falou da saudade de um passeio pelas ruas de Roma e de uma pizza com os amigos.

Sobretudo reiterou, como indicado na encíclica “Laudato si”, sua firme convicção sobre a profunda ligação entre a eliminação da pobreza e a salvaguarda da criação.

“Os cristãos são propensos ao realismo, não ao catastrofismo”, por isso, “não podemos esconder uma evidência: o sistema mundial atual é insustentável”.

Daí, a esperança de Francsico de que o Encontro de cúpula sobre o clima em Paris, dezembro próximo, possa contribuir para “escolhas concretas, partilhadas” e, em prol do bem comum, com uma visão a longo prazo.

“A nossa casa comum está poluída, não cessa de deteriorar-se; é preciso o compromisso de todos, é necessário proteger o homem da autodestruição.”

Perseguição 

Interpelado sobre a tragédia vivida por comunidades cristãs do Oriente, ameaçadas pela violência fundamentalista islâmica, o Pontífice respondeu que “não se pode resignar-se diante do fato que essas comunidades, hoje minoritárias no Oriente Médio, sejam obrigadas a abandonar suas casas, suas terras”.

 

Diante disso, “se tem o dever humano e cristão de agir”. As causas que provocaram tudo isso não podem ser esquecidas, bem como “a hipocrisia dos poderosos da terra, que falam de paz mas que, de modo indiferente, vendem armas”.

Portanto, para resolver a tragédia dos refugiados é necessário “agir em favor da paz, e trabalhar concretamente sobre as causas estruturais da pobreza”.

Além disso, acrescentou, “capitalismo e lucro não são diabólicos se não forem transformados em ídolos”. As sociedades correm risco de ruína se “dinheiro e lucro se tornam a todo custo fetiches a serem adorados, se a avidez se torna a base do nosso sistema social e econômico”.

Canonização dos pais de Santa Teresinha

Sobre a canonização, no próximo domingo, 18 de outubro, dos pais de Santa Teresinha do Menino Jesus, Francisco falou de “um casal de evangelizadores que testemunhou a beleza da fé em Jesus”.