Papa Francisco: ‘...o maior pecado diante dos pobres é a omissão’

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1º Dia Mundial dos Pobres foi celebrado no Vaticano com missa especial e almoço
Publicado em: 24/11/2017 - 09:30
Créditos: Redação

L'Osservatore Romano

 

Há alguns dias, o Papa Francisco ganhou um carro de luxo da marca Lamborghini e, assim que aceitou o presente, o enviou para um leilão beneficente. Pode parecer que tal gesto não tenha nenhuma relação com o 1º Dia Mundial dos Pobres, criado por ele e celebrado pela primeira vez no Vaticano e em diversas dioceses do mundo. Mas, na missa que Francisco presidiu na Basílica de São Pedro no domingo, 19, disse: “Não busquemos o supérfluo para nós, mas o bem para os outros, e nada de precioso nos faltará.”

Em sua forte pregação, acrescentou: “O Senhor, que tem compaixão das nossas pobrezas e nos reveste de seus talentos, nos dê a sabedoria de buscar o que conta e a coragem de amar, não com palavras mas com fatos.” Foi nesse espírito que se celebrou a “Jornada Mundial dos Pobres” - como é possível traduzir, do italiano, parafraseando a Jornada Mundial da Juventude. “O que investimos em amor, permanece, mas o resto desaparece”, afirmou o pontífice. 

“Hoje podemos nos perguntar: O que conta para mim nesta vida? Onde eu invisto? Para o céu, não vale aquilo que alguém tem, mas aquilo que se dá. Quem acumula tesouros para si não se enriquece diante de Deus”, disse, citando o Evangelho de São Lucas (12,21). A pregação foi, no entanto, sobre a parábola dos talentos, descrita no Evangelho de Mateus. Na história contada por Jesus, um patrão dá um talento a cada um de três servos, pedindo que os multipliquem. Os dois primeiros aumentam os talentos mas o terceiro volta com a mesma quantidade recebida, pois, por medo de perdê-la, apenas o escondeu, sem investir. 

“O seu mal foi a omissão. Não fazer o bem. Também nós, frequentemente, temos a ideia de não ter feito nada de mal e por isso nos contentamos, presumindo que somos bons e justos. Corremos o risco de nos comportarmos como o servo ruim, que não fez nada de mal. Mas, não fazer nada de mal não basta”, insistiu Francisco. “Deus não é um cobrador que busca bilhetes carimbados. É um pai que busca filhos a quem confiar seus bens, seus projetos.” 

Da mesma forma, disse o Pontífice, o maior pecado diante dos pobres é a omissão. “Aqui assume um nome preciso: indiferença. É dizer ‘Não é problema meu, é culpa da sociedade’. É virar para o outro lado quando o irmão passa necessidade. É mudar de canal assim que uma questão séria nos incomoda. É também desdenhar do mal sem fazer nada. Deus, porém, não nos perguntará se tivemos um desdém justo, mas se fizemos o bem.”

 

Almoço para 4 mil pessoas

Após a missa, o Papa ofereceu um almoço para os pobres. Cerca de 1,5 mil comeram com ele na Sala Paulo VI e outros 2,5 mil foram recebidas em paróquias e restaurantes da cidade de Roma. As pessoas vinham principalmente da Itália, França, Espanha, Alemanha e Polônia. Uma das orações dos fiéis foi lida por um brasileiro. Antes do almoço, abençoou a refeição: “Rezemos ao Senhor para que abençoe. Abençoe esta refeição, abençoe aqueles que a prepararam, abençoe todos nós, abençoe nossos corações, as nossas famílias, os nossos desejos, a nossa vida, e nos dê saúde e força. Amém.” 

Todos os eventos do Dia Mundial dos Pobres no Vaticano foram organizados pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. Na semana anterior à Jornada, um grupo de médicos e enfermeiros atendeu gratuitamente as pessoas necessitadas, num verdadeiro “hospital de campanha” em frente ao prédio da Congregação para a Doutrina da Fé. Na quinta-feira, 16, o Papa Francisco fez uma visita surpresa aos pacientes e voluntários.