Juventude em romaria para fazer florescer a ‘civilização do amor’

A A
Participantes da Romaria da Pastoral da Juventude do Regional Sul 1 da CNBB expressam devoção a Nossa Senhora Aparecida, no domingo, 18.
Publicado em: 21/09/2016 - 13:30
Créditos: Fernando Geronazzo/ Foto: Luciney Martins (Jornal O SÃO PAULO)

A Arquidiocese de São Paulo acolheu a 22ª Romaria Estadual da Pastoral da Juventude (PJ) no domingo, 18. Ainda na madrugada, os cerca de 5 mil jovens de várias dioceses do Regional Sul 1 da CNBB (Estado de São Paulo) começaram a se reunir na praça da Sé, no centro da cidade, onde iniciaram o evento, com uma missa celebrada na Catedral Metropolitana de São Paulo. De lá, a juventude caminhou até a Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, no Bom Retiro, onde aconteceram apresentações culturais. O lema da romaria deste ano - “Fa- çam florescer a civilização do amor” - foi extraído do discurso de despedida do Papa Francisco em sua viagem ao Brasil, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude de 2013, no Rio de Janeiro. “A partir do testemunho de alegria e de serviço de vocês, façam florescer a civilização do amor. Mostrem com a vida que vale a pena gastar-se por grandes ideais, valorizar a dignidade de cada ser humano e apostar em Cristo e no seu Evangelho”, afirmou o Pontífice. “O Papa Francisco pede que sejamos uma Igreja em saída e essa sua frase se tornou o eixo de todas as atividades da PJ ao longo do ano”, explicou, ao O SÃO PAULO, Eder Francisco, membro do serviço de assessoria da PJ no Estado de São Paulo. O jovem destacou, ainda, que essa civilização deve ser marcada pela igualdade e a justiça social. “Vamos refletindo com nossos grupos que temos que ter uma civilização sem exclusão, onde não exista mais ninguém passando fome. Que entenda que o mundo é casa comum de todos, assim como tem exortado o Papa Francisco”. Na romaria, os jovens também refletiram sobre os principais problemas que envolvem a juventude brasileira, especialmente a violência e extermínio de jovens e a atual crise política e econômica no País. Eder também ressaltou a preocupação da PJ para que não se percam os direitos conquistados pela juventude ao longo dos anos. 

Agir contracorrente

A expressão “civilização do amor” foi proferida pela primeira vez pelo Beato Paulo VI na celebração de Pentecostes de 1970, e retomada em uma homilia em 25 de dezembro de 1975. Em suas palavras, “a civilização do amor irá prevalecer frente a lutas sociais implacáveis, e dará ao mundo a tão sonhada transfiguração da humanidade”. Posteriormente, São João Paulo II utilizou-se dessa expressão inúmeras vezes em seus discursos e escritos. Em uma delas, lembrando Paulo VI, afirmou que “a civilização do amor é o fim para o qual devem tender todos os esforços tanto no campo social e cultural como no campo econômico e político”. Na caminhada da Igreja latino-americana, essa expressão tem sido bastante inspiradora tanto na reflexão teológica quanto no processo pastoral assumido, especialmente da Conferência do Episcopado Latino-Americano de 1979, em Puebla. Em relação à evangelização da juventude, por exemplo, os três documentos referenciais da Pastoral Juvenil carregam no título o termo “civilização do amor”. O último deles, publicado em 2013, com o subtítulo “Projeto e Missão”, busca empreender uma dimensão de vida e prática nova, a partir da vida dos jovens nos diferentes contextos e de uma profunda conversão pessoal, pastoral e eclesial, com o intuito de incitar o caminho de discipulado missionário em cada um. Em mensagem enviada aos participantes da Romaria da PJ, Dom Milton Kenan Junior, bispo de Barretos (SP) e referencial para a juventude no Regional Sul 1, recordou que as palavras de Francisco que inspiraram o tema são um novo convite para que os jovens “não tenham medo de agir contracorrente, propondo ao mundo os valores do Evangelho que rompem com a lógica do egoísmo e do ódio, da ganância, do rancor”. “A civilização do amor não se constrói com a força das armas, mas, ao contrário, constrói-se com a não violência, que não se contenta em não pagar o mal com o mal, mas prefere sufocar o mal com a abundância do bem”, acrescentou o Bispo.

 (Com informações da Comissão para a Juventude da CNBB)

Publicado no Jornal O SÃO PAULO, edição 3120/ 21 a 27 de setembro de 2016