Sínodo será ‘uma especial graça de Deus para nossa igreja’

A A
Em Encontro com o Clero que marcou início do ano pastoral, Cardeal Odilo Scherer destacou o caminho sinodal da Arquidiocese
Publicado em: 22/02/2018 - 12:30
Créditos: Redação

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, realizou, no dia 15, o tradicional encontro com o clero arquidiocesano que marca o início do ano pastoral na Arquidiocese. Além de ser a oportunidade de diálogo do Arcebispo com clero, o encontro teve o objetivo de destacar os principais assuntos da vida da Igreja em 2018, como o Ano Nacional do Laicato, a Campanha da Fraternidade, a postura nas eleições, as próximas assembleias do sínodo dos bispos e, com maior acento, a etapa do sínodo arquidiocesano nas paróquias. 

O evento, realizado no Colégio Agostiniano Mendel, no Tatuapé, na zona Leste, reuniu os bispos auxiliares, párocos, administradores, vigários paroquiais, padres e diáconos coordenadores de pastorais ou que desempenham funções nos organismos da Cúria Metropolitana. Na ocasião, o Cardeal também acolheu os padres recém-ordenados e os sacerdotes de congregações religiosas que chegaram recentemente à Arquidiocese para desempenharem novas funções. 

CAMINHO SINODAL

Dom Odilo reforçou o apelo aos padres a se envolverem nos trabalhos do sínodo arquidiocesano nas paróquias, que serão abertos oficialmente no dia 24. “[O sínodo] é uma espécie de ‘mutirão eclesial’, em que todos os membros da nossa Igreja particular estão convocados a fazer um esforço compartilhado para buscar o maior bem da vida e da missão da nossa Igreja”.

“Nossa Arquidiocese tem feito seus Planos de Pastoral, traduzindo em prioridades e urgências pastorais aquilo que temos a fazer em nossa Igreja particular. Tudo isso, porém, pode ficar ‘letra morta’ e sem efeito se não chegar, efetivamente, às bases do povo de Deus e não houver uma verdadeira ‘conversão’ de nossa mentalidade e cultura pastoral”, acrescentou o Arcebispo.

O Cardeal explicou, ainda, que, no caminho sinodal nas paróquias, o povo deverá ser estimulado a fazer reuniões mensais em grupos, entre março e novembro, seguindo o roteiro preparado pela Comissão de Coordenação Geral do sínodo e já entregue às paróquias.

Entre julho e agosto, será feito um levantamento sobre a realidade religiosa e pastoral, feito por voluntários que sairão a campo em busca desses dados, a partir de questões que estão sendo preparadas pela Comissão de Coordenação Geral do sínodo. Um outro levantamento será pedido aos párocos e administradores paroquiais, com base nos dados verificáveis da realidade paroquial (habitantes, organização pastoral, participação do povo na vida sacramentária etc). Todas essas informações servirão de base para a realização das assembleias paroquiais do sínodo, previstas para acontecerem entre outubro e novembro. 

“O sínodo arquidiocesano vai dar bastante trabalho; mas tenho a certeza de que será uma especial graça de Deus para nossa Igreja na arquidiocese de São Paulo! Faço a todos o meu apelo de adesão e participação! Será um ‘caminho de comunhão, conversão e renovação missionária’ para cada uma de nossas comunidades e para toda a nossa Arquidiocese!”, enfatizou o Arcebispo.

JUVENTUDE E AMAZÔNIA

Dentre as questões importantes para a Igreja no mundo, Dom Odilo destacou a Assembleia do Sínodo dos Bispos, de outubro, no Vaticano, sobre “os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. Nesse contexto, ele recordou que falta pouco menos de um ano para a Jornada Mundial da Juventude no Panamá, cujas inscrições já estão abertas. “Como vai a preparação para enviar e acompanhar jovens ao Panamá? As paróquias, movimentos, pastorais devem iniciar logo”, orientou o Cardeal.

Também começou a preparação para o Sínodo dos Bispos sobre a Pan-Amazônia, marcado para outubro de 2019. “A atenção do mundo e da Igreja está voltada para a Amazônia, que é um bem para os povos que nela vivem, mas também para toda a humanidade”, afirmou Dom Odilo, reforçando que a Arquidiocese de São Paulo precisa aumentar a sua participação na obra evangelizadora da Igreja na Amazônia. “Temos um padre a serviço da Diocese de Castanhal (AM) e é nossa intenção firmar, neste ano, um convênio de Igrejas-irmãs com aquela Diocese”, informou. 

CF 2018

Ao tratar dos destaques na Igreja em âmbito nacional, o Cardeal Scherer chamou a atenção para a Campanha da Fraternidade 2018, que tem como tema “Fraternidade e superação da violência”. 

“Aproveitemos essa ocasião para uma tomada de consciência sobre os fatos e as formas de violência, as causas e as possíveis vias de sua superação, que devem envolver o poder público, mas também a sociedade como um todo”, disse. 

Ainda segundo o Arcebispo, os católicos também têm responsabilidades e propostas para a superação da violência. “Ajudemos nossas comunidades e famílias a serem promotoras da superação da violência mediante a educação com valores e para comportamentos não violentos. E como cidadãos, devemos cobrar responsabilidades de quem as tem, para que sejam promovidas políticas públicas adequadas à superação da violência”.

ELEIÇÕES

Destacando que 2018 é ano eleitoral, Dom Odilo afirmou que o quadro político apresenta-se ainda “muito confuso e indefinido”. 

“Vivemos uma crise de descrédito da política e dos políticos e seria fácil cair na tentação de condenar tudo e todos, sem termos nada para sugerir e abrir perspectivas de esperança”, refletiu. 

Sobre o papel das comunidades eclesiais em relação à política, o Arcebispo foi enfático ao afirmar que não cabe à Igreja fazer a opção por partido ou ideologia. “É saudável que também nas paróquias nosso povo faça a experiência do exercício democrático, como nós propomos para toda a sociedade. Nossas paróquias não sejam currais eleitorais nem devemos ser agentes partidários. Isso divide o povo. Educar o povo para fazer escolhas políticas livres e responsáveis, no respeito à diversidade de pensamento e escolha”, manifestou.

ANO NACIONAL DO LAICATO

Chamando a atenção para o Ano Nacional do Laicato, aberto em 26 de novembro de 2017 e que se encerrará em 25 de novembro deste ano, Dom Odilo pediu ao clero que ajude os leigos a assumirem sua identidade e missão, tanto na Igreja quanto na sociedade. Para o Cardeal, além de valorizar os leigos e sua ação no interior da Igreja, confiando-lhes ministérios e serviços, é preciso ajudá-los a também serem bons cidadãos, pais e educadores de seus filhos, cumpridores de seus deveres cívicos e sociais. “Que nossos leigos, com suas capacidades, sejam participativos na vida social, cultural, política, assumindo, com seriedade, as responsabilidades sociais que lhes competem”.