Encontro debate contribuições das religiões para o fim da desigualdade e da exclusão

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<p>O encontro reuniu diversos representantes religiosos em prol do fim da desigualdade.</p>
Publicado em: 26/03/2015 - 15:00
Créditos: Redação

A cidade de São Paulo sediou nesta quarta-feira, 25, o Encontro Inter-religioso Brasileiro sobre a abordagem da desigualdade e exclusão na agenda de desenvolvimento pós-2015, realizado pelo Conselho Latino-americano e Caribenho de Líderes Religiosos, da iniciativa “Religiões pela Paz”.

O evento reuniu representantes cristãos, judeus, islâmicos e tradições de matriz africana e contou com a presença de representes do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e do Departamento de Diagnósticos Sociais da Secretaria-geral da Presidência da República, que debateram sobre a contribuição das religiões na agenda da Organização das Nações Unidas (ONU) pós 2015.

Foi realizada uma mesa de debates com a presença de Dom Guilherme Werlang, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, da CNBB; o Rabino Michel Schleisinger, representante da Congregação Israelita Paulista; o Xeique Mohamad Al-Bukai, diretor de assuntos religiosos da União Nacional de Entidades Islâmicas do Brasil; e o Agbagigan Everaldo Duarte, coordenador do Instituto Nacional de Tradição e Cultura Afro-brasileiras.

“Se existem campos difíceis para as religiões trabalharem em conjunto, esse não é um deles. Justamente no campo do combate à pobreza, das injustiças sociais estamos absolutamente alinhados e concordamos plenamente”, afirmou o Rabino Michel. Para o líder judaico, esse encontro é uma “excelente oportunidade” para trabalhar em conjunto. “Acredito que, mais do que isso, o trabalho conjunto na área social traz para nós  uma oportunidade de eventualmente vencer a dificuldade de trabalhar em outras áreas. Quando nós nos unirmos e trabalharmos de forma eficiente na área social, vamos ganhar confiança entre as diferentes comunidades e aí será possível, inclusive, enfrentar outros assuntos mais difíceis de se encontrar um consenso como esses aqui”, salientou.

“Um papel muito importante que a religião também pode ter hoje na sociedade é a educação, na qual a religião tem um papel fundamental construir um ser humano justo”, acrescentou o Xeique Mohamad.
Para o Assessor do Departamento de Diagnósticos Sociais da Secretaria-Geral da Presidência da República, Alexandre Fonsesa, “o papel da discussão de valores e da importância da capilaridade e potencialização da participação social que as religiões representam são elementos fundamentais para a  Secretaria Geral no processo fortalecimento da agenda pós 2015”. 

População excluída

A diretora da UNFPA para América Latina e Caribe, Marcela Suzao, explicou que o organismo considera que trabalhar nas plataformas estruturais que possam responder as necessidades da população, onde a maioria é excluída é fundamental para o desenvolvimento e para se sustentar “Nesse sentido, a população mais importante para o fundo de população e que não esta apenas excluída, mas por outro lado, uma das grandes oportunidades do mundo é a população jovem. Hoje dos Sete milhões de pessoas, 1.800 são jovens, jovens que poderão aproveitar da oportunidade para melhorar seu desenvolvimento sempre que tenham as politicas e reversões necessárias para poderem desenvolver todo seu potencial, para contribuir para suas famílias, seus desenvolvimentos pessoais, de suas comunidades e de seus países”, explicou.

Marcela salientou, ainda, que, nesse momento, o mundo inteiro esta dialogando e conversando sobre um novo consenso mundial em relação às prioridades e os compromissos que todos os países do mundo vão ter depois de 2015. “Em 2015, uma renda mínima de objetivos de desenvolvimento é falada por países do mundo todo, para que depois de 2015 se amplie e aprofunde em uma renda de desenvolvimento que se sustente, e nesse sentido, essa aliança é religiosa e na qual o fundo de população apoia “Religiões pela paz”, ao Conselho Latino-americano e  igrejas em aliança com a comissão mundial.

Somar esforços

O Cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida, e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), é representante do Conselho Episcopal Latino-americano (Celan) no Conselho Inter-religioso. Para ele, o encontro foi muito positivo. “Tivemos uma conversa muito franca. Hoje, cada vez mais nesse processo de globalização, todos nós somos chamados a dar a nossa contribuição do ponto de vista religioso, porque a esses problemas sociais unem a todos nós”, afirmou.

Dom Damasceno, que também é moderador das “Religiões pela paz”, ressaltou que o encontro não se trata de um diálogo inter-religioso, ou um diálogo ecumênico.  “Trata-se de somar esforços naquilo que une a todas as religiões que é justamente este esforços pra superarmos as desigualdades”.

“Criada a imagem e semelhança de Deus, a pessoa humana tem uma dignidade toda singular e os direitos decorrentes  dessa dignidade devem ser promovidos e defendidos. Não podemos aceitar, do ponto de vista religioso, que haja pessoas  que vivam hoje em dia em condições  verdadeiramente indignas da pessoa humana”, concluiu o Cardeal.