'Deus está sempre a favor de tudo o que ajuda a levantar e melhorar a vida de seus filhos'

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No Paraguai, último destino de sua viagem à América Latina, Francisco celebrou missa campal, se encontrou com consagrados e representantes da sociedade civil
Publicado em: 12/07/2015 - 09:30
Créditos: Redação com Rádio Vaticano

Na tarde deste sábado, 11, o Papa Francisco se reuniu com bispos, sacerdotes, diáconos, religiosos e religiosas, seminaristas e movimentos católicos, reunidos para a celebração das Vésperas na Catedral de Assunção, Paraguai, último destino de sua viagem apostólica a América Latina, iniciada no último domingo, 5, passando pelo Equador e Bolívia.

 “A oração dá-nos impulso para pôr em ação ou examinar-nos sobre o que rezamos nos Salmos: nós somos as mãos de ‘Deus, que levanta o pobre da miséria’ e somos quem trabalha para que esterilidade com a sua tristeza se transforme em campo fértil. Cantando que ‘muito vale aos olhos do Senhor a vida dos seus fiéis’, somos os que lutam, pelejam, defendem o valor de toda a vida humana, desde o nascimento até os anos serem muitos e poucas as forças. A oração é reflexo do amor que sentimos por Deus, pelos outros, pelo mundo criado; o mandamento do amor é a melhor configuração do discípulo missionário com Jesus”, afirmou o Pontífice durante a liturgia.

“Todos temos limitações. Ninguém pode reproduzir totalmente Jesus Cristo. E, embora cada vocação se conforme de maneira mais saliente com este ou aquele traço da vida e obra de Jesus, há alguns elementos comuns e indispensáveis a todas”, disse  Francisco, acrescentando que todo o consagrado deve estar configurado com aquele que, na sua vida terrena, “por entre orações e súplicas, com grande clamor e lágrimas”, alcançou a perfeição quando aprendeu, sofrendo, o que significava obedecer. E isto também é parte da nossa vocação.

Com a sociedade civil

Antes do encontro na Catedral, o Papa se encontrou com representantes de diversos segmentos da sociedade civil paraguaia no Estádio Léon Condou. Francisco encorajou-os a lutar por uma sociedade mais fraterna, baseada no diálogo e na inclusão. "Deus está sempre a favor de tudo o que ajuda a levantar e melhorar a vida de seus filhos", afirmou Francisco, num encontro marcado pela descontração, muita arte e efusivos aplausos.

Em seu discurso ­– em parte lido e parte espontâneo – repleto de citações à Evangelii Gaudium, e na forma de respostas às perguntas que lhe haviam sido dirigidas precedentemente, o Santo Padre reconheceu a existência de "situações injustas", conclamando os diferentes setores sociais a atuarem juntos na busca do bem comum.

Ao responder ao jovem que pediu para que a sociedade fosse um espaço “de fraternidade, justiça, paz e dignidade para todos”, Francisco  destacou a importância de os jovens intuírem que “a verdadeira felicidade passa através da luta por um mundo mais fraterno”, ressaltando que “felicidade e prazer não são sinônimos, mas felicidade exige entrega e empenho”.

Ao responder a uma pergunta referente ao diálogo como meio para forjar um projeto de Nação inclusivo, o Pontífice advertiu que “o diálogo não é fácil” e exige de nós “a cultura do encontro; um encontro que sabe reconhecer que a diversidade não somente é boa, mas necessária”, e deste modo, o ponto de partida nunca pode ser “o outro está equivocado”.

“Um aspecto fundamental na promoção dos pobres é o modo como os vemos” - ressaltou o Pontífice, ao responder a pergunta sobre como acolher os seus clamores “para construir uma sociedade mais inclusiva” - explicando que “para se procurar efetivamente o seu bem, a primeira coisa é ter uma preocupação genuína pela sua pessoa,  valorizá-la na sua própria bondade”.

A coragem das mulheres

Pela manhã, o Papa presidiu uma missa campal no Santuário Mariano de Caacupé, a 60 Km de Assunção, Durante a homilia, Francisco começou dizendo que se sentia em casa com o povo do Paraguai e aos pés da Virgem dos Milagres, num ‘encontro de irmãos com a sua Mãe’. Nesta ocasião, o papa exaltou a coragem das mulheres paraguaias que, como Maria, passam por muitos sofrimentos.

Ao recordar os três momentos difíceis na vida de Maria – o nascimento de Jesus, quando não tinha uma casa para dar à luz e receber o filho; a fuga para o Egito, quando tiveram que se exilar; e a morte de Jesus na cruz, num momento extremo para uma Mãe – o Papa destacou a coragem das mulheres paraguaias, que “como Maria, viveram situações muito, muito difíceis, que, vistas sob uma lógica comum, poriam em causa toda a fé”.

“Pelo contrário vocês, como Maria, impelidas e sustentadas pelo seu exemplo, continuaram crentes, inclusive ‘com uma esperança para além do que se podia esperar’ (Rm 4, 18). Quando tudo parecia se desmoronar, diziam juntamente com Maria: Não temamos! O Senhor está conosco, está com o nosso povo, com as nossas famílias; façamos o que Ele nos disser. E, assim, encontraram ontem e encontram hoje força para não deixar que esta terra caia no caos. Deus abençoe essa tenacidade, Deus abençoe e anime a fé de vocês, Deus abençoe a mulher paraguaia, a mais gloriosa da América”, afirmou.

Leia a íntegra da homilia

Na manhã desde domingo, Francisco visita a População de Bañado Norte e preside uma missa no Campo Grande de Ñu Guazú. Também está previsto um encontro com os bispos do Paraguai antes de partir para Roma, no início da noite deste domingo.