Catequistas: ‘Sintam-se sempre no coração da Igreja’

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Com Cardeal Scherer, catequistas participam de encontro arquidiocesano, com destaque para os desafios da Catequese à luz das reflexões do caminho sinodal
Publicado em: 05/09/2019 - 12:45
Créditos: jornal O SÃO PAULO

Reunidos para celebrar e refletir sobre a catequese no contexto do sínodo arquidiocesano, no sábado, 31 de agosto, a Coordenação Pastoral da Animação Bíblico-Catequética da Arquidiocese de São Paulo promoveu o Encontro Anual de Catequistas, no Colégio Liceu Coração de Jesus, no bairro Campos Elísios.  

O evento contou com a presença do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano; de Dom José Roberto Fortes Palau, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Ipiranga e Referencial da Animação Bíblico-Catequética; do Padre Paulo Gil, Assessor Eclesiástico para a Animação Bíblico-Catequética; e dos padres referenciais nas regiões episcopais. Participaram do encontro aproximadamente 650 catequistas. 

O SÍNODO E A CATEQUESE

Em sua saudação inicial, Dom Odilo destacou que a renovação missionária é o fio condutor do sínodo arquidiocesano, que se encontra em seu segundo ano, e fez uma retomada histórica da importância e motivações para a convocação do caminho sinodal.  

O Arcebispo recordou que o chamado à conversão e à Nova Evangelização é um convite constante da Igreja e que o próprio Concílio Vaticano II, há mais de 50 anos, trouxe essa proposta. Frente a um tempo em que se observa a indiferença religiosa, em que muita gente acaba perdendo a fé ou vive em trânsito religioso, é necessária uma compreensão mais profunda da fé cristã. “Não podemos simplesmente fazer uma evangelização para dentro. Todo mundo é campo de missão e tem direito de conhecer a verdade do Evangelho”, frisou.  

O Cardeal explicou que é na escuta do Espírito Santo e guiadas por Ele que as paróquias, neste momento do sínodo arquidiocesano, poderão discernir sobre sua vida e missão em vista da renovação evangelizadora na cidade. Nesse sentido, a Catequese deve ajudar os cristãos a seguir num caminho de santificação. “Santidade é a vida conforme o Evangelho, isto está ao alcance de todos e também é meta da evangelização”, disse o Arcebispo.  

Aos catequistas, Dom Odilo recomendou a leitura e reflexão da pesquisa de campo sobre a situação religiosa e pastoral da Arquidiocese, bem como o levantamento sobre a realidade da vida paroquial, feito pelos párocos, na perspectiva da renovação missionária. “A Igreja existe para a missão, e, se perdemos isso de vista, perdemos a meta de existência da Igreja. A partir desse princípio, a catequese como processo pedagógico de iniciação, aprofundamento e amadurecimento na vida cristã é absolutamente fundamental.”

LEVANTAMENTO SINODAL 

O Arcebispo apontou, ainda, algumas quespesquisa de campo realizada em 2018 e que dialogam diretamente com a missão do catequista. O dado aferido da pesquisa, de que 70% dos católicos não vão à missa, aliado à resposta de que a maioria indica a Celebração Eucarística como fonte principal de formação cristã, tem consequências muito práticas que requerem uma urgente resposta.  Dom Odilo citou ainda que o levantamento paroquial feito pelos párocos mostrou com fidelidade as mudanças aceleradas e preocupantes que estão em curso – no que se refere à adesão e transmissão da fé católica –, como o decréscimo do número de batizados e casamentos em dez anos, respectivamente, de 20% e 50%.   

Diante desse contexto urbano desafiador, Dom Odilo deixou sua palavra de encorajamento aos educadores da fé e da esperança cristã na comunidade, para que comunguem com a Arquidiocese essa preocupação missionária e colaborem com os momentos sinodais nas 
regiões, partilhando suas experiências, para que “a catequese seja missionária”. 

CATEQUESE RENOVADA

De acordo com o Padre Paulo Gil, o momento vivido é de intensificação do processo de Iniciação à Vida Cristã em todas as regiões, com os catequistas e as equipes regionais. “O foco do nosso trabalho é justamente a formação permanente dos nossos catequistas, para que eles se sintam cada vez mais sujeitos desse processo e estejam nas suas comunidades favorecendo a acolhida e o acompanhamento dos que vão iniciar sua caminhada para a vida cristã.”

Um grande desafio para os dias de hoje, segundo o Padre, é a catequese de adultos. “De fato, tem crescido o número de adultos que buscam os sacramentos. O que nós queremos é que os catequistas ajudem os catequizandos adultos a descobrirem como podem assumir a sua vida cristã e que a Igreja pode oferecer muito mais do que eles vêm pedir. Precisamos fazer uma caminhada que vá além dos sacramentos”, pontuou. 

MISSÃO NA IGREJA E NA SOCIEDADE

Maria Inês de Oliveira Forte atua na catequese de adultos na Paróquia Santa Inês, no Lauzanne Paulista, e diz perceber que, por meio do conhecimento do Evangelho, muitas vidas têm sido transformadas. “As pessoas realmente vêm sentindo sede de Deus e, em meio às dificuldades, buscam ter essa presença de Jesus no dia a dia”, disse Maria Inês.

A catequista afirmou que em um mesmo grupo costuma atender gerações de uma mesma família, pois “um adulto convertido converte toda a família”. 

Já a religiosa peruana, Irmã Milda Fustamante Coronel, da Congregação Filhas do Santíssimo Salvador, no Brasil há quatro anos, contou que, na Paróquia Natividade do Senhor, na Região Santana, vive uma “experiência muito enriquecedora na Catequese de Crisma, pois é uma realidade muito diferente da minha de origem, e com os jovens estou sempre aprendendo”.

Com sorriso no rosto, próprio de um alegre mensageiro, Fábio Fernando Dias, catequista de Primeira Eucaristia e Crisma na Paróquia Nossa Senhora do Retiro, na Região Brasilândia, afirmou que entende seu chamado como “uma experiência muito alegre”. “Eu tenho amor em ser catequista e poder contribuir na evangelização na cidade de São Paulo”, disse. 

Andrea de Oliveira Cruz lida com grupos de Catequese de Perseverança, etapa entre a Primeira Eucaristia e a Crisma, na Paróquia Menino Deus, na Vila Formosa. Inserida na comunidade, com uma presença amiga e acolhedora, a catequista partilha da vida de seus catequizandos, que, ao entrarem na pré-adolescência e na adolescência, trazem as alegrias, mas também os sofrimentos vividos: “Ali eles se deparam com a Palavra de Deus, que existe um Deus que os ama, independentemente de sua história de vida, e nesse processo descobrem a Igreja e, depois disso, a chance de eles irem embora é menor”, relata. 

MISSA 
Após o momento formativo, Dom Odilo presidiu a missa na Igreja Sagrado Coração de Jesus, concelebrada por Dom José Roberto.  

Na homilia, o Arcebispo exortou os catequistas a sempre se sentirem no coração da Igreja como discípulos da Palavra de Deus e, portanto, participantes da sua missão, “de maneira que o patrimônio que recebemos da fé da Igreja, que está em nossas mãos, seja comunicado, que as pessoas o recebam, vivam e se alegrem com ele”.