Cardeal Scherer: ‘Jesus foi submetido a uma violência inimaginável’

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Arcebispo metropolitano presidiu ação litúrgica da Sexta-feira da Paixão do Senhor, na tarde desta Sexta-feira Santa, 30, na Catedral da Sé
Publicado em: 30/03/2018 - 17:45
Créditos: Redação

Pontualmente às 15h desta Sexta-feira Santa, 30, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, dirigiu-se silenciosamente ao altar da Catedral da Sé e diante dele prostrou-se por alguns instantes juntos com alguns padres, diáconos e ministros. Neste horário, conforme as Sagradas Escrituras, Jesus morreu na Cruz e é isso o que faz memória a Ação Litúrgica da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.

 

Após a proclamação do evangelho da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo o evangelista João, o Cardeal destacou ser este um dia de fazer memória da Paixão de Cristo, fato decisivo do mistério da Salvação, testemunho da entrega de Cristo em favor  de toda a humanidade.

 

O Arcebispo exortou que todos se coloquem ao lado de Jesus para que com o testemunho de fé permitam que a humanidade colha os frutos da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.

 

A violência que mata

 

O Cardeal Scherer também enfatizou que a morte de Jesus foi um gesto de gravíssima violência contra o Justo. “Jesus foi submetido a uma violência inimaginável”, sendo considerado malfeitor, submetido a um julgamento iníquo e sofrendo tortura.

 

“A violência não vem de Deus, vem da maldade dos homens”, disse o Arcebispo Metropolitano ao lembrar que desde os primórdios do mundo, quando homem e mulher não aceitaram a Deus e se colocaram como senhores do bem do mal, a violência e o ódio se espalharam pelo mundo.

 

Ao recordar o tema da Campanha da Fraternidade deste ano – “Fraternidade e superação da violência”, Dom Odilo listou as muitas violências dos dias atuais, como a violência doméstica cometida contra mulheres, crianças e idosos; práticas como a eutanásia e o aborto; assaltos, discriminações e a violência moral - acusações, mentiras, fake news (notícias falsas) e desrespeitos alimentados pelos extremismos partidários.

 

Dom Odilo exortou que os cristãos sejam contra todos os comportamentos violentos. “Violência e ser cristão não combinam. Devemos ser promotores da superação da violência”, disse, destacando os cristãos não podem apoiar a violência e os violentos, mas sim promover da paz e estar do lado das vítimas de violência e não dos promotores da violência.  

 

Oração universal

 

Na sequência da ação litúrgica, houve a oração universal pela Santa Igreja, pelo Papa, por todas as ordens e categorias de fiéis, pelos catecúmenos, pela unidade dos cristãos, pelos judeus, pelos que não creem no Cristo, pelos que não creem em Deus, pelos poderes públicos, por todos os que sofrem provações.

 

‘Eis o lenho da cruz’

Durante a ação litúrgica também aconteceu o rito de adoração da Santa Cruz, que foi trazida pelo corredor central da Catedral da Sé, tendo seu pano vermelho descerrando lentamente, enquanto se entoou o refrão “Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo!”.

 

Enquanto os fiéis que lotaram a Catedral da Sé dirigiam-se à cruz, em um momento que durou aproximadamente 35 minutos, o Cardeal Scherer lembrou aos fiéis ser esta a ocasião para o arrependimento dos pecados e de firmar um propósito de vida nova. Também comentou que as cruzes cotidianas, se carregadas com Cristo, são sempre sinal de salvação, e disse ser importante que se valorize a presença do crucifixo em diferentes ambientes e não só nas igrejas.

 

Coleta para os Lugares Santos

Durante a celebração também houve a coleta para os Lugares Santos, um gesto de solidariedade de todos os fiéis da Igreja com aqueles que vivem nos lugares bíblicos e das origens da fé cristã, muitas vezes enfrentando dificuldade para vivenciar a fé por conta das guerras e perseguições religiosas.

 

Sempre com Cristo

A ação litúrgica foi concluída com o rito de comunhão, a oração do Pai Nosso, a distribuição da Sagrada Comunhão e a oração sobre o povo.

 

Dom Odilo exortou aos fiéis que permaneçam em oração durante o Sábado Santo, preparando-se para participação tanto da celebração da Vigília Pascoa e da missa do Domingo de Páscoa.

 

Após a celebração, houve o sermão das Sete Palavras, uma pregação baseada nas últimas frases ditas por Jesus antes de sua morte: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem”; “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso”; “Mulher, eis aí o teu filho. Filho eis aí a tua Mãe!”; “Tenho Sede!” “Meu Deus, meus Deus, por que me abandonastes?”; “Tudo está consumado!”; “Pai, em tuas mãos entrego o meu Espírito!”. 

 

Também estava prevista para o começo da noite a Via-Sacra pelas ruas do centro com a imagem do Senhor Morto e de Nossa das Dores, simbolizando o cortejo do corpo de Jesus para o sepulcro. Pela manhã, também no centro, houve a Via-Sacra do Povo da Rua, organizada pelo Vicariato Episcopal para a Pastoral do Povo da Rua.