Arquidiocese acompanha tramitação do PME e alerta para ‘questões de gênero’

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Em nota, arcebispo de São Paulo afirma que "as consequências de tal distorção antropológica na educação poderão ser graves"
Publicado em: 09/06/2015 - 12:15
Créditos: Redação com O SÃO PAULO

Até dia 24 de junho, todos os 5.570 municípios brasileiros devem aprovar seus Planos Municipais de Educação (PME), conforme estabelecido no Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024, que foi instituído pela Lei 13.005/2014 e tem 20 metas, alicerçadas em mais de 250 estratégias. Os planos estaduais e municipais de educação deverão conter diretrizes e metas a serem alcançadas também até 2024, na mesma vigência do PNE.

Em São Paulo, a Arquidiocese tem acompanhado a tramitação do PME, atenta especialmente à questão da ideologia de gênero, que postula que toda pessoa pode “construir” uma identidade de gênero, libertando-se de sua identidade sexual biológica. Em nota, o arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, ressalta que, “segundo a ideologia de gênero, o indivíduo precisa libertar-se de sua identidade sexual biológica e ‘construir’ uma identidade de gênero inteiramente subjetiva”. “Isto não nos deixa de suscitar perplexidade e preocupação. As consequências de tal distorção antropológica na educação poderão ser graves”, afirma Dom Odilo.

Leia a nota do Cardeal Odilo Pedro Scherer sobre as ‘questões de gênero’ no PME

O Padre João Bechara Ventura, vigário paroquial da Paróquia São Vitor Mártir, no Brás, participou da última audiência pública realizada na Câmara Municipal, no dia 25, para debater o PME. Também estiveram presentes educadores, especialistas na área e o secretário municipal da Educação, Gabriel Chalita (PMDB).

De acordo com o sacerdote, a maioria dos cidadãos que participaram da audiência promovida pela Comissão de Finanças Orçamento da Casa, reivindicou a retirada da palavra “gênero” do texto do Projeto. Padre João Bechara destacou que embora pareça inofensiva para indicar a distinção homens e mulheres, aparentemente apenas substituindo o vocábulo mais habitual “sexo”, na verdade a palavra “gênero” esconde uma ideologia. “Pertencer ao ‘gênero’ masculino ou feminino não seria, como indica a palavra ‘sexo’, um simples fato biológico. Segundo a Ideologia de Gênero, cada indivíduo escolhe o seu próprio ‘gênero’ a partir das suas experiências sexuais e afetivas. Portanto, segundo essa compreensão, a escola deveria parar de ensinar claramente a diferença entre os sexos, tratando meninos e meninas como se fossem idênticos biológica, psicológica e pedagogicamente. Além disso, deveria favorecer às crianças o acesso a experiências que propiciassem escolher a sua “orientação sexual”, sem nenhuma referência a valores antropológicos ou religiosos claros, e independentemente dos valores de suas famílias”, explicou.

A questão é polêmica a tal ponto, que a terminologia ‘gênero’ foi excluída, no ano passado, do Plano Nacional de Educação. Preocupados com a inclusão da ideologia de gênero na educação municipal, professores, estudantes, profissionais liberais e pais de família compareceram à audiência. “Isso é algo que já discutimos longamente, foi votado em 2014 e rejeitado para o Brasil inteiro. Por que querem aprovar isso agora para a cidade de São Paulo?!”, questionou ao microfone Andreia Medrado, professora do ensino fundamental e médio. “Ao simplesmente ignorar as diferenças entre homens e mulheres, a Ideologia de Gênero faz mal inclusive à causa feminista e à defesa dos direitos dos homossexuais”, disse Enrico Misasi, aluno do curso de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

A Comissão tem poder para rejeitar o Projeto de Lei ou sugerir modificações, e deve enviá-lo ao plenário da Câmara ainda este mês, para aprovação ainda no primeiro semestre. A intenção é que o texto final entre em vigor o quanto antes.