Animadores sinodais: discípulos missionários do sínodo nas paróquias

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Padre José Arnaldo Juliano conduziu formação de animadores paroquiais do primeiro sínodo arquidiocesano de São Paulo, com a presença do Cardeal Odilo Pedro Scherer, no sábado, dia 16
Publicado em: 21/09/2017 - 10:30
Créditos: Fernando Geronazzo
Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

O caminho sinodal da Arquidiocese de São Paulo deu o seu primeiro passo junto às paróquias. No sábado, 16, no Colégio Madre Cabrini, na Vila Mariana, zona Sul da cidade, aconteceu o encontro de formação dos animadores paroquiais do sínodo. Esses agentes vão auxiliar os párocos ou administradores paroquiais nos trabalhos da etapa do sínodo na base, ao longo de 2018.

O encontro foi dividido em duas turmas. Na parte da manhã, participaram os representantes das paróquias das regiões Belém, Ipiranga e Santana. No período da tarde, estiveram os animadores das paróquias das regiões Brasilândia, Lapa e Sé. 

 

Caminho em unidade

O Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, saudou os dois grupos de animadores. Ele explicou que a ideia de realizar um sínodo está sendo refletida há mais de um ano e que o assunto foi tratado pela primeira vez por ele no artigo “Que tal um sínodo arquidiocesano?”, publicado na edição de 2 de março de 2016 do jornal O SÃO PAULO .

“O sínodo é uma ação da Igreja como um todo. A palavra sínodo significa caminho feito em comum, é a busca de fazer o caminho em unidade, em comunhão”, afirmou Dom Odilo, destacando, ainda, que o sínodo será uma oportunidade para a Arquidiocese ouvir a voz de Deus, que fala por meio de sua Palavra, da palavra da Igreja e também pela voz das circunstâncias: “Estamos em São Paulo, em uma metrópole, no início do século XXI, com uma cultura com muitas situações, em um tempo de confusão religiosa muito grande. Vamos ouvir o que o Espírito Santo diz para a nossa Igreja neste tempo e nesta circunstância”. 

 

Novo dinamismo

Padre José Arnaldo Juliano, teólogo perito do sínodo, esclareceu dúvidas básicas sobre o sínodo arquidiocesano. Segundo ele, para entender o que é um sínodo diocesano ou arquidiocesano, é preciso entender que a diocese é uma “porção do povo de Deus”, confiada ao bispo unido com o papa, para que a pastoreie em cooperação com o presbitério. “A diocese torna real, presente, atuante e frutífera a vida e a missão da Igreja por meio da evangelização, da celebração dos sacramentos, da caridade pastoral e do testemunho da fé cristã”, explicou.

O Teólogo disse, ainda, que, como prevê o Código de Direito Canônico, cada diocese pode convocar um sínodo justamente para “fortalecer a consciência eclesial, renovar a ação pastoral e para ser fiel discípula e missionária de Jesus Cristo”.  

Padre José Arnaldo também salientou que o caminho sinodal não será somente para apontar falhas ou aspectos negativos da ação evangelizadora da Igreja em São Paulo, mas para valorizar aquilo de bom que já tem sido feito, bem como “suscitar um novo dinamismo” na realização da vida e da missão eclesial na Metrópole. 

 

Nas paróquias

Padre Jordélio Siles Ledo, membro da Comissão de Coordenação Geral do sínodo, detalhou a missão e atribuições dos animadores sinodais, além de como se realizará o sínodo em âmbito paroquial.

Dentre as principais características de um animador paroquial do sínodo estão: “ser discípulo missionário; saber coordenar e auxiliar nos trabalhos; ser aberto ao diálogo; estar disposto a caminhar junto; criar pontes e não muros; ter profunda espiritualidade e testemunhar a fé; e ser um facilitador e mediador”.

Com o auxílio dos animadores, cada paróquia deverá constituir uma Comissão Paroquial do sínodo, coordenada pelo pároco ou administrador paroquia. Essa Comissão será responsável pela preparação das sessões paroquiais, que serão realizadas ao longo de 2018.

A primeira sessão paroquial está prevista para acontecer em abril, para refletir sobre a Igreja e sua missão. Em maio, acontecerá a segunda sessão, que deverá abordar o tema da “Igreja em saída”. A terceira sessão, prevista para junho, dará destaque para o tema IgrejaCasa da Palavra e da Iniciação Cristã. No mês de agosto, a sessão aprofundará a reflexão sobre a realidade da Igreja e da paróquia em sua dimensão cultural e sócio-transformadora.

Em setembro, a partir do caminho percorrido nos meses anteriores, deverão ser realizadas as assembleias paroquiais. De cada uma sairá um relatório final com a síntese das discussões e reflexões. Esse relatório deverá ser entregue à Secretaria do sínodo em cada região episcopal até outubro de 2018. Com base nesse material, ainda no ano que vem, serão conduzidos os trabalhos da etapa seguinte do sínodo, em âmbito regional.  

 

Sair do isolamento

Padre Tarcísio Marques Mesquita, Secretário-Executivo do sínodo, avaliou positivamente o encontro, destacando a participação numerosa de animadores, apesar de lamentar o fato de que algumas paróquias não enviaram representares. Para ele, é importante que todas as paróquias estejam envolvidas nos trabalhos sinodais para que o sínodo tenha um alcance amplo na etapa da base. “Foi uma participação significativa, não somente pelo número de pessoas como também a visível animação de todos e o interesse de receber as informações e encaminhamentos a respeito do sínodo”, disse ao O SÃO PAULO.

Ainda segundo Padre Tarcísio, a participação dos animadores já é um grande efeito da proposta do sínodo. “O fato de as paróquias poderem, de alguma forma, serem visibilizadas umas para as outras, como ocorreu neste sábado, já é um ganho para a vida pastoral da Arquidiocese. Receber orientações sobre um empenho comum, extrapolando o possível isolamento que a cidade acaba incentivando na vida das pessoas e até das comunidades, foi algo de extrema importância”, completou.