Seminário indica implicações biológicas e sociais da ideologia de gênero

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Evento promovido pelo Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade aconteceu no sábado, 26
Publicado em: 30/09/2015 - 09:45
Créditos: Jornal O SÃO PAULO - Edição 3071

Por Renata Moraes

“Pergunto-me, por exemplo, se a chamada teoria do gênero não é expressão de uma frustração e resignação, com a finalidade de cancelar a diferença sexual por não saber mais como lidar com ela. Nesse caso, corremos o risco de retroceder” (Papa Francisco, Audiência Geral no Vaticano, 15/04/2015).

Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e vigário episcopal para a Educação e a Universidade, valeu-se dessa citação do Papa Francisco para explicar a preocupação da Igreja com a ideologia de gênero, durante abertura do Seminário de Bioética sobre o tema, no sábado, 26, no Colégio Madre Cabrini, na Vila Mariana.

Promovido pelo Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade da Arquidiocese de São Paulo, o Seminário reuniu educadores, religiosos, religiosas e leigos, atentos aos debates sobre as questões de gênero entre os pais, professores e estudantes universitários, visto que a temática tem sido intensamente discutida nos planos nacional, estadual e municipal de educação. A mediação do encontro foi do Padre Vandro Pisaneschi, coordenador de pastoral do Vicariato.

Raízes históricas e filosóficas

“O que é a ideologia de gênero: seus antecedentes históricos e filosóficos” foi o aspecto apresentado pela Professora Fernanda Takitani, formada em História pela Universidade Estadual de Londrina e pesquisadora do Observatório Interamericano de Biopolítica.

Fernanda lembrou que a ideologia de gênero surgiu a partir do pensamento dos filósofos Karl Marx e Frederic Engels e foi retomada pelo movimento feminista na década de 1960.

“Porque usar o termo ideologia, quando falamos de ideologia de gênero? A ideologia é um pensamento construído em cima de uma parte da realidade, e essa parte da realidade é mal compreendida, e ela é usada como chave de leitura de toda realidade e também como instrumento de perseguição ao poder”, disse, destacando que a ideologia de gênero é um instrumento filosófico e político para alcançar o poder, com intuito de acabar com a família.

O que diz a medicina

A visão médica e biológica sobre a ideologia de gênero foi apresentada pela Doutora Elizabeth Kipman, médica, obstetra, ginecologista, coordenadora nacional de bioética do Movimento da Cidadania pela Vida – Brasil Sem Aborto – especialista em logoterapia, e diretora do Centro Interdisciplinar de Estudos em Bioética da CNBB.

Elizabeth, ao falar sobre a sexualidade e a afetividade dos seres humanos, comentou que “a sexualidade e a afetividade são um dos mistérios mais profundos, que se manifestam na capacidade de sair de si e ir ao encontro do outro. De uma fala médica e biológica, o ato sexual pleno é o que acontece entre um homem e uma mulher, onde até anatomicamente e fisiologicamente falando existe uma reciprocidade”.

Aspectos morais e a educação como virtude

“A ideologia de gênero visa o esvaziamento jurídico do conceito de homem e de mulher. Se você discorda dessa ideologia, você é taxado: tem professor sofrendo ‘Bullyng’ nas escolas, e diretores que não aceitam essa ideologia estão sofrendo represálias. São coisas absurdas”.

Assim afirmou o Padre José Eduardo de Oliveira e Silva, Doutor em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade Santa Cruz, na Itália, professor da Faculdade São Bento, do Instituto de Teologia Madre Ecclesiae de Itapecerica da Serra, que tratou da ideologia de gênero sob o olhar da Teologia Moral e as consequências práticas.

“O objetivo dos defensores da ideologia de gênero é de alterar a ética e a moral da sociedade, criando uma moralidade artificial”. Ainda segundo o Sacerdote, a solução é “educar para a virtude, para o bem, para o amor e para a humanidade. Por isso, a família é necessária. É na família que somos especiais e insubstituíveis. A família educa como pessoa”.

Aos educadores e à família

“Escolhemos tratar da ideologia de gênero por ser um assunto que foi amplamente discutido na imprensa e nas Câmaras Municipais de todo o País”, afirmou Dom Carlos, ao O SÃO PAULO.

O Bispo também ressaltou a participação dos jovens e das famílias nas discussões sobre a ideologia de gênero, pois trata-se de uma formação que os pais também devem dar aos seus filhos. “A missão do Vicariato da Educação é promover encontros formativos voltados aos educadores e professores. Educar é conduzir na vida”, lembrou.

(Colaborou Igor de Andrade)