Dom Paulo sempre foi presente na vida dos padres

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Os padres Julio Lancelloti e Tarcísio Mesquita relatam o quanto foram tocados pelo exemplo do Cardeal Arns
Publicado em: 15/12/2016 - 02:00
Créditos: Redação

No funeral de Dom Paulo, dois padres da Arquidiocese de São Paulo relataram o quanto suas vidas foram marcadas pelo testemunho e presença do Cardeal Arns.

Coragem

O padre Julio Lancellotti, vigário episcopal para o Povo da Rua nomeado ainda por Dom Paulo, afirmou que os padres de sua geração foram formados pelo exemplo do Cardeal Arns.

“Estar aqui ainda na Catedral, nos faz sentir a presença de Dom Paulo, a presença firme. Nos momentos em que estávamos cercados aqui pelo exército, pela polícia, quando tinha gente ameaçando Dom Paulo, querendo atingi-lo, quando radialistas mandavam vir na Catedral jogar ovos e tomates em Dom Paulo. Quando eu era diácono, quanta gente ficava protegendo Dom Paulo,  mas ele nunca se assustava, nunca tinha medo, sempre dizia pra gente tenham coragem, vamos em frente, não desanimem, não desistam, e mesmo nos momentos mais tenebrosos de incompreensão, de difamação, de calúnia. E o jornal O SÃO PAULO era a única voz, pois a rádio 9 de Julho foi fechada, tudo isso como castigo e retaliação a Dom Paulo. O jornal vive muito tempo de censura, foi falsificado, tudo isso para atingir a pessoa de Dom Paulo, mas nada o atingiu, ele é uma luz muito forte porque ele brilha com Jesus.”

Inspiração

Padre Tarcísio Marques Mesquita, coordenador arquidiocesano de Pastoral, afirmou que Dom Paulo foi um dos grandes impulsos para a sua decisão de ser padre.

“Eu era adolescente e São Paulo era muito querido da minha família, não por intimidade, mas pela admiração do trabalho de Dom Paulo na defesa dos direitos humanos, na defesa das nossas comunidades da periferia e do seu carinho pela cidade e pelos pobres. E marcou muito a história da minha vida quando meu vizinho, chamado Manuel Fiel Filho, foi levado pelas forças da ditadura militar foi torturado e morreu no cárcere. E quem esteve na minha paróquia Natividade do Senhor, na Vila Guarani, na zona Leste, presidindo a missa no repúdio da violência, da tortura, e pregando um Brasil democrático, participativo, que defende os direitos das pessoas e que tem atenção aos clamores dos pobres foi Dom Paulo. Isso desencadeou em mim uma vontade ainda maior de ser padre e logo aos 16 anos entrei para o seminário e sempre tive Dom Paulo como uma referencia na minha vida e que me acompanhou até hoje, pois estamos ligados até hoje, pois ele permanecesse na cidade.”

 

Edição: Daniel Gomes e Fernando Geronazzo / Apuração: Millena Guimarães