Após a chegada do corpo do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo, na Catedral da Sé, no início da noite desta quarta-feira, 14, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, presidiu a primeira das 23 missas de corpo presente que acontecerão ao longo do velório, que seguirá até a tarde da sexta-feira, 16.

Dom Odilo, na homilia, recordou a atuação marcante do Cardeal da Esperança na Arquidiocese, na cidade, no Brasil e em toda a Igreja, e ponderou que apesar da tristeza pelo falecimento de Dom Paulo, este é um momento para agradecer a Deus pela vida e a possibilidade de convivência com o Cardeal Arns.

Entre cruzes

Ao falar sobre a biografia de vida do Cardeal Arns, Dom Odilo recordou que Dom Paulo nasceu em 14 de setembro de 1921, na Exaltação da Santa Cruz, e faleceu na memória litúrgica de São João da Cruz, em 14 de dezembro.

“Embora franciscano, vivendo com alegria e a serenidade, ele viveu entre muitas cruzes, que soube carregar e enfrentar, mas, sobretudo, ajudou a aliviar as cruzes de tantas pessoas, por meio da defesa da dignidade das pessoas, dos direitos humanos, da justiça social, para que todos tivessem o justo e o necessário na vida, e na defesa dos pobres e dos injustiçados”, afirmou.

Dom Odilo também recordou que até os últimos instantes de vida, em seu leito no Hospital Santa Catarina, onde esteve internado desde 28 de novembro, Dom Paulo testemunhou o amor à cruz, segurando a cruz peitoral.

“Dom Paulo segurou com firmeza essa cruz na mão direita e não a soltou mais, não soltou até hoje de manhã, quando ele veio a falecer. Agora aqui ele tem a cruz mais uma vez no peito, sinal da cruz que carregou e amou, a cruz de Cristo, sinal de salvação, sinal de esperança e sinal de vida”.

Promotor da esperança

Dom Odilo destacou que ao longo de seus quase 28 anos como arcebispo de São Paulo, o Cardeal Arns caminhou e fez as pessoas caminharem na esperança, sempre estando ao lado dos que lutaram pelo bem da humanidade.

“Foi ativo para que o país também pudesse voltar à sua normalidade democrática, das liberdades individuais, do respeito à ordem legal e constitucional. Dom Paulo foi muito ativo para que o Brasil pudesse ter esperança. Junto com tantas pessoas, procurou incentivar a participação do povo na luta para a normalização da vida democrática do país”, comentou Dom Odilo.

Ainda segundo o Cardeal Scherer, na atuação marcante como arcebispo, Dom Paulo teve preocupação de já em 1970 de traduzir para a Igreja de São Paulo as diretrizes do Concílio Vaticano II, dedicando-se na formação do clero, dos religiosos, dos leigos na perspectiva das diretrizes do Concílio, de uma Igreja aberta ao diálogo com o mundo.

“Que a lembrança das coisas bonitas e importantes que Dom Paulo deixou, nos ajude, nos conforte e permaneça como lembrança, como exemplo, estímulo, para que nós façamos como ele fez. Que Deus o receba, querido Dom Paulo, na sua casa e dê a  vida eterna como Jesus prometeu”, disse Dom Odilo a concluir a homilia.

Após a comunhão, Dom Odilo fez a oração de encomendação junto ao corpo de Dom Paulo.

Edição: Daniel Gomes/ Apuração: Larissa Freitas