Mãos à obra, começa a contagem regressiva para a JMJ 2016

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Vender roupas usadas, promover almoços e recolher materiais recicláveis foram algumas das atividades realizadas pelos jovens da Arquidiocese de São Paulo para ir à JMJ
Publicado em: 16/06/2016 - 14:45
Créditos: Redação com Jornal O SÃO PAULO

Há mais de um ano, eles se preparam para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que acontecerá de 25 a 31 de julho, em Cracóvia, na Polônia. Fizeram doces, caldos, pães e outros quitutes para vender no fim das missas, pediram doações de roupas e sapatos aos paroquianos e depois promoveram bazares nas diferentes paróquias e comunidades da Região Episcopal Belém. Além disso, venderam roupas usadas na feira do bairro e recolheram materiais recicláveis.

São 52 jovens que pertencem à Paróquia Santa Bernadete e se dividiram em pequenos grupos para arrecadar o dinheiro necessário à viagem. Além da Polônia, os jovens irão em peregrinação a outros países da Europa, como Itália, Alemanha e Áustria.

“Tivemos todo o apoio do pároco e também de muitas pessoas da comunidade, o que foi fundamental”, afirmou Mariana Menezes Biazi, 20. Ela, as irmãs gêmeas Raquel e Nubia de Mello Entreportes, 21, e Mayara Foggia de Paula, 20, pertencem ao Caminho Neo catecumenal e participaram, junto a outros jovens de movimentos, pastorais e organismos, do “Retiro JMJ - Setor Juventude”, no sábado, 11.
 

Cerca de 200 jovens da Arquidiocese de São Paulo que irão para a Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia reuniram-se no Instituto Dom Bosco para o encontro, que teve como objetivo preparar os jovens para a JMJ. Além disso, buscou-se promover o conhecimento entre os participantes e ajudá-
los na vivência deste momento forte para a Igreja Católica.


Conhecida após um encontro com o Papa Francisco em agosto de 2015, no qual ambos aparecem nas fotografias com largos sorrisos no rosto, Ana Carolina Santos Cruz tem apenas 20 anos e também trabalhou duro até conseguir o valor suficiente e viajar para a Polônia, onde participará da pré-jornada e da JMJ 2016. “Eu e outro jovem promovemos dois almoços beneficentes com a ajuda do padre e dos paroquianos”, disse. Ana já participava da Paróquia São Geraldo, no bairro das Perdizes, onde está tentando formar um grupo de jovens, mas afirmou que, depois do encontro com o Papa no ano passado, intensificou ainda mais as atividades missionárias.

Antonio Ndhonhga Mavinga e a esposa, Bomba Joana Pedro, irão pela primeira vez a uma Jornada Mundial da Juventude. Eles vão para a Polônia levando o filho de apenas 5 anos. “Será um momento de fé, mas também de conhecer outros lugares do mundo”, disse ao O SÃO PAULO. Eles pertencem a um grupo de africanos, da Paróquia Nossa Senhora da Paz, no Glicério, e também participaram do retiro em preparação à JMJ, e irão para Cracóvia como voluntários.

Missionários da Misericórdia
Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Lapa, e Dom Carlos Lema Garcia, bispo responsável pelo Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade, falaram, pela manhã, sobre a vivência que tiveram em peregrinações. À tarde, após a missa de envio dos jovens, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, foi a vez dos próprios jovens que participaram de jornadas anteriores contarem suas experiências.

Na celebração da Eucaristia, Dom Odilo enfatizou que “os cristãos devem ser pessoas misericordiosas, sensíveis às necessidades do próximo, sobretudo àqueles que sofrem. Devem praticar a misericórdia todos os dias”. Na festa de São Barnabé, celebrada na liturgia daquele sábado, o Cardeal lembrou que o Santo foi um dos grandes apóstolos das primeiras comunidades, especificamente da comunidade de Antioquia, onde pela primeira vez os seguidores de Jesus foram chamados cristãos. Aos jovens, Dom Odilo sugeriu que, a exemplo dos primeiros cristãos, eles devem interagir alegremente e saudar “as pessoas dos vários lugares por onde passarem levando a paz”.

Representar a Arquidiocese na JMJ... Que responsabilidade!

6 °C às sete da manhã. Não foi fácil levantar da cama nesse sábado para ir ao retiro. Mas os jovens fizeram o esforço hercúleo de sair debaixo de suas cobertas quentinhas para pegar o metrô e ir até o Instituto Dom Bosco. Depois de nos aquecermos com o café ao chegar lá, fomos até o auditório para ouvir Dom Julio Akamine contar um pouco da sua experiência visitando Auschwitz, que fica perto de Cracóvia.


Dom Julio destacou o silêncio do lugar, que não é um silêncio sereno de fé, mas um silêncio de morte, testemunha da iniquidade e do mal. Muitos podem se perguntar: “Como crer em Deus depois de Auschwitz?” Dom Julio, então, nos fez viajar mentalmente até a cela de São Maximiliano Maria Kolbe. Um modesto cubículo com uma pequena vela acesa e uma singela coroa de flores. Aquele era o único lugar onde pudemos sentir algum alívio. Deus não está em cima com quem faz sofrer, mas embaixo com quem sofre. Ele não nos abandona jamais. Nós é que o abandonamos pelo pecado, mas Jesus sofreu este abandono na cruz exatamente para que não o sofrêssemos.

Dom Carlos Lema Garcia nos falou sobre o primeiro discurso do Papa Francisco depois de voltar da JMJ do Rio. Ele dizia que as JMJs não são fogos de artifício, mas etapas de um longo caminho começado por São João Paulo II. Ela precisa ser como a caldeira da locomotiva, que aquece e produz movimento. De nada adianta irmos até a Polônia, se isso não nos toca e nos transforma de algum jeito. Precisamos ser testemunhas de Cristo nos nossos movimentos, comunidade e paróquias, nas escolas, faculdades e trabalhos. Estamos dispostos a enfrentar o que há de mais baixo nos outros e em nós mesmos para viver o amor e a misericórdia de Deus?

Sentimo-nos extremamente amados e queridos pela Arquidiocese ao ver, no presbitério, Dom Odilo acompanhado por Dom Carlos, Dom Julio e por mais oito sacerdotes. E, ao mesmo tempo, sentimos a responsabilidade que tínhamos representando a Arquidiocese. Mas sabemos que, com a graça de Deus, nada é impossível. Por favor, orem por nós, pela organização da JMJ e pelo nosso querido Papa Francisco! Esta é a juventude do Papa!

Sara Guenka, 23, é graduada em Letras  –Português/Inglês pela USP e será cronista do
O SÃO PAULO durante a JMJ Cracóvia 2016