Igreja comemora 50 anos de missão no Jardim Jaraguá

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Missa em ação de graças oi presidida pelo Cardeal Scherer, na noite da quinta-feira, 12
Publicado em: 20/07/2018 - 16:45
Créditos: Fernando Geronazzo

Os fiéis da Paróquia São João Gualberto, no Jardim Jaraguá, na zona Oeste de São Paulo, festejaram o dia de seu padroeiro, na quinta-feira, 12, em missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano. A celebração também foi ocasião de render ação de graças pelos 50 anos da fundação da comunidade que deu origem à Paróquia.

Embora tenha sido erigida oficialmente em 14 de agosto de 1993, por decreto do Cardeal Paulo Evaristo Arns, então Arcebispo de São Paulo, a presença da Igreja Católica no bairro tem como marco o ano de 1968, quando os moradores manifestaram o desejo de erguer uma pequena igreja no local que, naquela época, pertencia à Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, em Pirituba, e era assistida pelos Monges Beneditinos Valambrosanos. 

Com o apoio do monge italiano Dom Rodolfo Cherubini, os moradores iniciaram uma campanha de arrecadação de fundos para a compra do terreno onde seria erguido o novo templo, que teve como padroeiro São João Gualberto, fundador da Ordem Beneditina de Valambrosa.

TESTEMUNHAS

Vera Freteschi, 69, contou ao O SÃO PAULO que as primeiras celebrações da Paróquia eram feitas na garagem da casa de seus pais, Danilo Freteschi e Maria de Araújo Freteschi. Vera também testemunhou a bênção da pedra fundamental do templo feita por Dom Benedito Ulhoa Vieira, então Bispo Auxiliar de São Paulo.

“Nosso casamento, em dezembro de 1970, não pôde ser celebrado na igreja nova porque ainda faltava colocar o telhado no templo. Mas um pouco depois, em janeiro de 1971, as bodas de prata do Matrimônio de meus pais foram uma das primeiras celebrações da igreja já coberta”, recordou Vera, acompanhada de seu esposo, Antônio Rodrigues, 70. 

“Nós fazíamos quermesse por 90 dias seguidos para angariar fundos para a construção da igreja. Também realizávamos leilões com coisas que eram doadas pelos fiéis, como frangos, por exemplo”, relatou Antônio. 

Na comemoração dos 25 anos da Comunidade, em missa solene no dia 11 de julho de 1993, o Cardeal Arns elevou a Comunidade a Paróquia, cujo território foi desmembrado das Paróquias Nossa Senhora Auxiliadora e Santa Teresinha, no Jardim Regina, compreendendo as comunidades de São Francisco, no Parque Anhanguera, e Santa Luzia, na Vila Jaguari, tendo como primeiro Pároco o Padre José Targino Almeida, conforme consta em uma das notícias publicadas na edição de 1º de julho daquele ano do jornal da Arquidiocese. 

JUBILEU EM SÍNODO

Na homilia, Dom Odilo destacou que a Paróquia tem a oportunidade de celebrar o jubileu durante o sínodo arquidiocesano, ocasião em que as comunidades paroquiais são convidadas a “se olharem no espelho” para avaliar sobre como estão realizando sua missão na cidade. “A Paróquia de vocês tem a oportunidade de começar os próximos 50 anos com essa grande ação eclesial e, portanto, dar largos passos no crescimento e na realização de sua missão”, disse. 

Além de convidar os fiéis a recordar a memória dos sacerdotes e leigos que ajudaram a edificar a comunidade de fé e o templo, o Arcebispo ressaltou os três motivos pelos quais as paróquias existem: anunciar o Evangelho, testemunhar a fé em Jesus Cristo e santificar o povo. “A paróquia é a comunidade dos discípulos-missionários de Jesus Cristo, dos filhos de Deus que querem viver a santidade, querem testemunhar a vida nova que vem da acolhida do Evangelho”, completou o Cardeal. 

No final da missa, Dom Odilo e o Padre Ailton Amorim, Administrador Paroquial, descerraram uma placa comemorativa pelo jubileu.

O PADROEIRO

Padroeiro dos ecologistas e agentes florestais, São João Gualberto nasceu em 995, em Florença, na Itália. Foi educado num dos castelos dos pais, Gualberto e Dona Villa, nobres e cristãos. 

Após o assassinato de seu irmão mais velho, João saiu armado pela cidade em busca de vingança. Na Sexta-feira Santa de 1028, ele encontrou o assassino vagando em uma estrada deserta da cidade. Diante da arma empunhada de João, o criminoso, desarmado, abriu os braços e caiu de joelhos implorando perdão e clemência em nome de Jesus. 

Ao ouvir o pedido em nome do Senhor, João Gualberto jogou a espada, desceu do cavalo e abraçou fraternalmente o inimigo. No mesmo instante, foi à Igreja de São Miniato, onde, aos pés do altar, ajoelhou-se diante do crucifixo de Jesus. Diz a tradição que a cruz do Cristo se inclinou sobre ele, em sinal de aprovação pelo seu ato. E foi ali que João Gualberto ouviu o chamado: “Vem e segue-me”. Depois desse prodígio, ele abandonou tudo para ingressar no mosteiro beneditino da cidade.

O jovem tornou-se um humilde monge, exemplar na disciplina às regras, no estudo, na oração, na penitência e na caridade. Em 1035, com a morte do abade, ele foi eleito por unanimidade o sucessor, mas renunciou ao saber que o monge tesoureiro havia subornado o bispo de Florença para escolhê-lo como o novo abade. João refugiou-se na floresta, numa pequena casa rústica na montanha Vallombrosa, seguido por alguns monges. O local começou a receber inúmeros jovens em busca de orientação espiritual, graças à fama de sua santidade. Foi assim que surgiu um novo mosteiro e uma nova congregação religiosa, para a qual João Gualberto quis manter as regras beneditinas. 

Considerado herói do perdão, João Gualberto fundou outros mosteiros, inclusive o de Passignano, na Umbria, onde morreu no dia 12 de julho de 1073. Ele foi canonizado em 1193.

(Com informações do Portal Arquisp)
(Colaborou: Nayá Fernandes)

Luciney Martins/O SÃO PAULO