Na Catedral da Sé, as missas durante o velório de Dom Paulo Evaristo Arns continuaram durante a manhã desta sexta-feira, dia 16. A das 6h foi presidida pelo Padre Rubens Pedro Cabral, coordenador da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB); a das 8h, por Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e vigário episcopal para a Pastoral da Comunicação; e das 10h, pelo Frei Fidêncio Vamboemmel.

Ele será sepultado na cripta hoje a tarde, após a missa das 15h, que sera presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano.

Às 8h, o presidente da celebração foi Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia e vigário episcopal para a Pastoral da Comunicação.

Na homilia, ele ressaltou o valor das escolhas e afirmou que Dom Paulo “escolheu o Reino e fez brilhar a força transformadora do Evangelho na história”.

Confira abaixo a homilia na íntegra:

Existem diferenças que são naturais, biológicas. Outras diferenças que são culturais, religiosas. Temos diferentes opiniões políticas, partidárias e até ideológicas. As pessoas têm aptidões para diferentes trabalhos. E também as vocações e os carismas são diversos. E a Igreja é um grande exemplo desta realidade.

No meio disso, existem duas situações que são comuns a todos nós: o nascimento e a morte. Todos nós nascemos e todos nós sabemos que chegará o dia da nossa morte, o dia em que voltaremos para a casa do Pai.

São as escolhas que alguém faz entre o nascimento e a morte que elevam seu caráter e sua crença. São essas escolhas que fazem a verdadeira diferença na vida de uma pessoa e também podem mudar os rumos da história. As nossas escolhas interferem, não apenas nas nossas vidas pessoais, mas na vida e na direção dos acontecimentos do mundo. Alguns escolhem viver cercados pela riqueza, entregam-se à corrupção e fazem pacto com o poder. Enquanto outros servem aos pobres e trabalham pela causa do Reino. Alguns escolhem as armas da violência e provocam grande aflição aos seus semelhantes. Mas outros falam de esperança e, como profetas, animam e consolam os seus semelhantes. Alguns são incansáveis na prática da injustiça, outros saciam a fome dos irmãos com o pão da Palavra e com gestos de caridade.

Alguns escolhem a ditadura da lei e procuram o próprio benefício, enquanto outros escolhem a lei da misericórdia e do diálogo. Alguns fecham as portas, enquanto outros abrem e olham, com ternura, de coração, para o que foi excluído. Alguns gritam pela Guerra, outros rezam pela Paz e estendem a mão num gesto de confiança. Todos nós fazemos escolhas. Dom Paulo foi um homem que fez as suas escolhas. Ele escolheu o Reino e fez brilhar a força transformadora do Evangelho na história. Ofereceu sacrifícios agradáveis a Deus. Suas palavras e seus gestos deram testemunha disso.

Dom Paulo viveu com as consequências e com as alegrias de suas escolhas. Ele escolheu ser um simples franciscano. E a Igreja o escolheu para ser um pastor de uma grande metrópole; sua resposta foi generosa e comprometida. Dom Paulo combateu o bom combate. Terminou o seu caminho e guardou a Fé. Que ele receba na eternidade a coroa da justiça, que o Senhor Justo juiz, revela para os santos. Como nos recordava o Evangelho, Dom Paulo teve sua lâmpada também acesa e a manteve assim durante toda a vida. Na morte, essa lâmpada não se apaga, mas continua a brilhar, como um sinal da verdade e do Amor de Deus. Que, por meio do seu exemplo, cada um de nós também aprenda a fazer as nossas escolhas.

(Edição: Nayá Fernandes/ Apuração: Vitor Loscalzo)