Em comunhão com nosso Papa Francisco

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26/06/2019 - 12:00

A solenidade litúrgica do martírio dos apóstolos São Pedro e São Paulo, celebrada todos os anos no dia 29 de junho, ou no domingo seguinte a essa data, lembra-nos de que nossa Igreja é “católica, apostólica e romana”. A marca da catolicidade é essencial à nossa Igreja e significa que ela é enviada a todos os povos, em todos os lugares, e não apenas a certos grupos ou culturas. Assim, por vontade do próprio Cristo, Senhor da Igreja. Um aprofundamento sobre a catolicidade da Igreja pode ser facilmente buscado no Catecismo da Igreja Católica, nos parágrafos 748 a 856.

A catolicidade da missão e atuação da Igreja está ligada à universalidade do Evangelho e da vontade salvadora de Deus. Todos os homens são chamados por Deus à salvação por meio de Jesus Cristo. A Igreja é casa aberta a todos os povos, línguas, raças e culturas. Desde o início, a Igreja é “católica” e não condiz com a verdade afirmar que a Igreja Católica não teria existido desde os Apóstolos, mas teria sido fundada por alguém diverso do próprio Jesus Cristo em algum momento posterior da História, como consequência de circunstâncias políticas e culturais. Isso é uma falsidade histórica.

A festa dos dois “Príncipes dos Apóstolos”, ou “principais” apóstolos, também nos lembra de que nossa Igreja é apostólica. Ela vem dos apóstolos de Jesus Cristo e não de algum outro suposto fundador. A apostolicidade da Igreja Católica significa que ela permaneceu e permanece fiel à “doutrina dos apóstolos”. Por isso, ela confronta sempre seu ensinamento com aquilo que os apóstolos “viram e ouviram” de Jesus Cristo, ensinaram e transmitiram. Toda doutrina contrária, ou em discordância com o ensinamento dos apóstolos, é considerada como ensino não autenticamente cristão.

Há ainda, porém, outro significado no conceito da apostolicidade da Igreja: quem exerce a autoridade autêntica na Igreja, a serviço do Evangelho, recebe essa autoridade por meio da verdadeira sucessão apostólica. Os apóstolos impuseram as mãos aos seus sucessores e os ungiram para exercerem, com autoridade autêntica, a sua missão. Na nossa Igreja, os bispos, à frente das dioceses, receberam a sucessão apostólica pela ordenação conferida por outros bispos, que estão em comunhão com o Sucessor de Pedro e com os demais bispos. Ninguém na Igreja Católica pode se autoproclamar bispo e sucessor dos apóstolos, mas recebe essa graça pela imposição das mãos de outros bispos autênticos. O Catecismo trata da apostolicidade da Igreja nos parágrafos 857 a 870. 

A sucessão apostólica passa pela comunhão com o Sucessor do apóstolo Pedro. De fato, Pedro, reconhecido como Bispo de Roma e primeiro Papa, recebeu de Jesus Cristo a missão de “confirmar os irmãos na fé” e, desde logo, foi reconhecido pelos apóstolos como aquele que estava à frente do “colégio apostólico”. É por isso que, na nossa Igreja, é o Papa quem nomeia os bispos católicos do mundo inteiro.

Na festa dos apóstolos Pedro e Paulo, a Igreja Católica também comemora o Dia do Papa e faz orações especiais por ele, que é Sucessor de Pedro na missão do pastoreio universal da Igreja. Assim entendemos melhor por que nossa Igreja também é “romana”. Ela tem sua sede em Roma, lugar do martírio dos apóstolos Pedro e Paulo, e está em comunhão com o Bispo de Roma, Sucessor do apóstolo Pedro, o Papa. Os bispos católicos do mundo inteiro exercem o pastoreio apostólico à frente de suas Igrejas particulares, não sozinhos nem de maneira isolada, mas em comunhão com o Papa e também exercem com ele sua autoridade eclesial em relação à vida e à missão da Igreja toda.

Em todas as Missas, após a consagração, rezamos pelo Papa, pedindo que a Igreja cresça na caridade “em comunhão com nosso Papa Francisco”. É estranho que, em nossos dias, a autoridade legítima do Papa no exercício do seu ministério universal à frente da Igreja seja contestada com superficialidade. Não há benefício nenhum em questionar, ou até negar, a autoridade do Papa sobre a Igreja. A comunhão com o Papa e o respeito a ele não são questões opcionais, mas fazem parte da fé católica verdadeira. Por isso, na festa solene dos apóstolos Pedro e Paulo, é oportuno recordar as características de nossa pertença à Igreja e do nosso testemunho cristão católico apostólico romano.

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo Metropolitano de São Paulo
Publicado em O SÃO PAULO, na edição de 26/06/2019