Sínodo: Divino Espírito, ajudai-nos!

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16/05/2018 - 08:45

Na oração pelo sínodo arquidiocesano, invocamos o Espírito Santo como “alma da Igreja” e como Aquele que “renova a face da terra” e também pode renovar em nós “a fé, a esperança e a caridade”. Pedimos que, atenta ao Espírito Santo, a Igreja em São Paulo seja sempre fiel a Jesus Cristo e à missão que recebeu na Metrópole paulistana. 

Entendamos bem a expressão “alma da Igreja”. O Espírito Santo é Deus que “anima”, dá vida e dinamismo à Igreja, “corpo de Cristo”. Aquilo que a alma é para o nosso corpo, o Espírito Santo é para a Igreja e para o mundo. Sem a ação “suave e forte” do Espírito Santo, a Igreja seria como um corpo sem vida e sem dinamismo. Na Sequência de Pentecostes, expressamos bem isso, quando rezamos: “sem a vossa luz, nada o homem pode, nada existe nele de bom”.

Por isso, na oração pelo sínodo arquidiocesano, continuamos a pedir que o Espírito Santo renove em nós as virtudes teologais da fé, esperança e caridade, cuja prática nos qualifica como verdadeiros cristãos, filhos e filhas de Deus e discípulos de Cristo. A primeira finalidade do sínodo é a renovação e revitalização da nossa condição de cristãos, da qualidade de nossa vida cristã. Sem a ajuda do Espírito Santo, no dizer de São Paulo, continuaremos a viver como “homens velhos”, que não se renovaram interiormente. Ou, no dizer de São João, continuamos nas trevas da morte e a produzir obras de morte.

Nosso sínodo chama a todos para um “caminho de comunhão, conversão e renovação missionária”. O Espírito Santo suscita a comunhão na Igreja e na humanidade. A comunhão se expressa no amor e no testemunho generoso do Evangelho. O Espírito Santo nos mantém unidos a Cristo e unidos na Igreja. Sem a ação dele, seremos levados à divisão na Igreja, na paróquia, na Arquidiocese e nas organizações pastorais e eclesiais. E a divisão não vem do Espírito de Deus, mas do “diábolos”, que divide, e suscita intriga, ódio e a desintegração do corpo eclesial. 

Ao Espírito Santo nós também pedimos a ajuda para uma verdadeira conversão e renovação missionária da nossa Igreja em São Paulo, a conversão das nossas pessoas, para nos voltarmos com disponibilidade e generosidade aos apelos atuais de Deus a nós e à vida e missão da Igreja. Conversão das nossas organizações e iniciativas pastorais e eclesiais, para que tenhamos a coragem de nos deixar interpelar pelos desafios e urgências atuais postos a nós e à Igreja em São Paulo, em cada uma de suas expressões e iniciativas. Que o Espírito Santo nos dê lucidez e coragem para irmos além de uma “pastoral de mera conservação”, como os bispos já conclamaram na Conferência de Aparecida (2007); para trazermos no coração e nas ações um novo zelo evangelizador diante do imenso horizonte missionário ao qual somos enviados.

Por isso, pedimos ainda ao Espírito Santo que nos dê “um vivo ardor missionário para o testemunho do Evangelho nesta Cidade imensa”. A Igreja nos conclama a um “novo ardor missionário” já faz algum tempo e, talvez, nos acostumamos a ouvir esse apelo, sem que ele produza em nós algum efeito. O ardor missionário vem do encontro renovado com Cristo; vem do coração que se deixa fascinar por Ele e pelo seu Evangelho. Mas não é o fogo dos proselitistas fanáticos nem a pregação cega e intolerante dos seguidores de ideologias. Esse novo ardor missionário é o testemunho alegre de quem foi arrebatado pelo Mestre e gostaria que também os outros tivessem essa mesma graça e experiência. E isso vem da ajuda do Espírito Santo e da nossa docilidade a Ele. É Ele que nos dá a conhecer o Filho e o Pai e nos torna testemunhas generosas, firmes e perseverantes, cheios de zelo pela glória de Deus e pelo bem do próximo. 

Enfim, em nossa oração ao Espírito Santo pelo sínodo, pedimos que Ele nos faça olhar para o exemplo dos Santos que nos precederam com seu testemunho e ação na vida e missão da Igreja; olhamos, especialmente, para os nossos Santos Padroeiros e os Santos e Santas que viveram em nossa Cidade. Eles são membros exemplares da nossa Igreja e nos precederam na missão nesta “Cidade imensa”. Somos continuadores da obra evangelizadora deles e, com toda a certeza, na Igreja celeste, eles e nossos santos Padroeiros continuam a interceder por nós, que procuramos fazer a nossa parte na missão. Divino Espírito Santo, vinde em nosso auxílio e iluminai-nos!

 

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo Metropolitano de São Paulo
Publicado em O SÃO PAULO, na edição de 16/05/2018