Que Deus nos abençoe em 2017!

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11/01/2017 - 10:30

Iniciamos o ano de 2017 invocando a bênção de Deus sobre nós. No início do ano, de um jeito ou de outro, todos procuram forças superiores, que não podem garantir por si mesmos, a fim de passar bem o ano; mesmo quem estoura fogos de artifício para “acordar energias cósmicas” ou quem joga na sorte usando rituais e fórmulas mágicas faz a mesma coisa. Quem crê em Deus e espera nele, confia na sua bênção e se faz colaborador na obra de Deus para que tudo dê certo no novo ano.


O tempo nos é dado como dom, “de graça”. Diante da finitude da vida, mas também da gratuidade de cada instante, o salmista já exclamava: quem pode acrescentar um só dia à duração de sua vida?! Cada ano nos é dado como tarefa e oportunidade para que realizemos obras boas, cresçamos em sabedoria e graça e desfrutemos, com gratidão, de todo bem de Deus colocado à nossa disposição neste mundo. Que nenhum dia seja inútil e desperdiçado durante este novo ano!


O Papa Francisco, em sua mensagem para o ano novo, “Dia Mundial da Paz”, convidou a edificar a paz mediante a não violência, conforme a lição recebida de Jesus: não praticar violência contra ninguém, nem retribuir violência com violência. A violência nunca será capaz de assegurar a paz, quer nas relações entre as pessoas, quer nas relações entre os povos. Oxalá, o ano de 2017 seja menos violento! E que todos os cristãos sejam artesãos da paz, cada dia, orientados por uma cultura de não violência.


Na arquidiocese de São Paulo, começamos a colocar em prática o 12º Plano quadrienal de Pastoral. Elaborado e aprovado no ano passado, o novo Plano orientará a pastoral de conjunto mediante o enfrentamento das nossas grandes urgências pastorais. Precisamos traduzir em novas práticas evangelizadoras e pastorais os apelos que vêm da missão da nossa Igreja e da realidade urbana em que estamos inseridos: ser uma Igreja efetivamente missionária; promover uma boa iniciação à vida cristã de todos os batizados que o necessitam; estar a serviço da vida e da esperança de todas as pessoas; voltar uma renovada atenção pastoral aos jovens e às famílias. O 12º Plano de Pastoral leva em conta as nossas situações e desafios pastorais e também as orientações que vêm das Diretrizes da CNBB e do Magistério do Papa Francisco.


Com toda a Igreja no Brasil, vivemos o Ano Mariano Nacional, já iniciado em outubro de 2016. Lembramos os 300 anos do encontro da imagem sagrada de Nossa Senhora Aparecida nas águas do rio Paraíba do Sul e o desenvolvimento da devoção à Virgem Mãe Aparecida, tão querida dos brasileiros. Ao mesmo tempo, recordamos os 100 anos das aparições de Nossa Senhora, em Fátima, Portugal. O Ano Mariano poderá ajudar-nos a aprofundar a devoção a Maria, Mãe de Jesus Cristo e Mãe da Igreja. Para o Ano Mariano, escrevi uma Carta Pastoral a toda a Arquidiocese, a ser publicada em breve; faço votos que ela chegue a muitas pessoas e famílias e que traga bons frutos.


Ao longo deste ano, queremos também dar passos concretos para a realização do primeiro Sínodo Arquidiocesano de São Paulo. Com o Sínodo, será possível fazer uma reflexão ampla sobre a realidade pastoral de nossa Arquidiocese, avaliar o caminho feito e tomar decisões pastorais que nos ajudem a realizar bem a vida e a missão da Igreja em São Paulo, no presente e no futuro. Em junho deste ano, desejo fazer a convocação do Sínodo, com a publicação da dinâmica a ser seguida, conforme normas da Igreja para os sínodos diocesanos. Desde logo, convido todo o povo de Deus da Arquidiocese de São Paulo a rezar ao Espírito Santo na intenção do Sínodo Arquidiocesano.


Na vida pública, teremos mais um ano de apresentações e incertezas. Com prefeito novo e Câmara de Vereadores renovada, a cidade de São Paulo espera receber as necessárias atenções do Poder Público no centro e nas extensas periferias! Apesar de imensa e complexa, e apesar dos graves problemas resultantes de sua expansão caótica no passado, São Paulo é rica e, bem governada, tem potencial para resolver seus problemas e oferecer boas condições de vida aos seus numerosos habitantes. E que os pobres não sejam esquecidos nem descartados!
No âmbito nacional, o ano ainda promete dificuldades econômicas e turbulências políticas e sociais.

O Brasil tem muita necessidade de saneamento da economia e de recuperação da credibilidade na vida pública em geral. A participação atenta e paciente da sociedade ajudará os governantes a encontrarem o rumo adequado, sem que os inevitáveis sacrifícios recaiam pesados demais sobre as categorias sociais mais frágeis.

Que Nossa Senhora Aparecida interceda pelo Brasil e pelo povo brasileiro!

Cardeal Odilo Pedro Scherer

Arcebispo metropolitano de São Paulo

Artigo publicado no Jornal O SÃO PAULO - Edição 3133 - 11 a 17 de janeiro de 2017