Papa Francisco: 3 anos

A A
17/03/2016 - 09:15

No domingo, 13 de março, foi recordado o 3º aniversário da eleição do Papa Francisco como Bispo de Roma e, como tal, Sucessor do apóstolo Pedro, ao qual Jesus confiou a missão de estar à frente da Igreja e de mantê-la unida, firme na fé e dedicada ao testemunho do Evangelho. Francisco tornou-se o primeiro papa latino-americano, jesuíta e também o primeiro a adotar o nome de Francisco.

Dia 19 de março, festa solene de São José, Patrono universal da Igreja, lembram-se três anos de início do pontificado de Francisco. Na homilia do início de sua missão, em 2013, ele lembrou São José, homem simples e cheio de fé, sintonizado com a vontade de Deus e inteiramente dedicado à sua missão. O Papa parecia dizer: “semelhante é também a minha missão”.

Sem a pretensão de fazer um balanço completo desse pontificado, ainda breve, é possível perceber algumas linhas orientadoras básicas da atuação do Papa Francisco. Desde logo, apareceu a simplicidade no seu modo de ser e de viver a sua missão; dispensou muitos protocolos e formalidades, buscou o encontro direto com as pessoas nas palavras e nos gestos, sem esquecer também a escolha de fixar residência na Casa Santa Marta, uma hospedaria usada também por outros moradores fixos e hóspedes de passagem pelo Vaticano.

O Papa deseja a proximidade das pessoas e valoriza muito os contatos pessoais, as palavras simples, as comparações e imagens fortes nos seus discursos; gosta de usar uma linguagem direta e com expressões de efeito, como “pastores com cheiro de ovelhas”, a Igreja precisa ser “como um hospital em campo de batalha”, “Igreja em saída”... Ama comunicar por meio de gestos simples, mas eloquentes, como telefonar pessoalmente a algumas pessoas, jantar com os moradores de rua em Roma, ir ao confessionário e confessar-se durante uma celebração penitencial na basílica de São Pedro. Os exemplos poderiam multiplicar-se.

Algumas preocupações do seu pontificado são salientes e claras: a família e o casamento, sobre os quais convocou duas assembleias gerais do Sínodo dos Bispos; a preocupação missionária, para que a Igreja não fique fechada sobre si mesma, mas se coloque no meio da comunidade humana para servi-la e compartilhar com ela as riquezas do Evangelho. Sua preocupação com a nova evangelização aparece evidente na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (“A Alegria do Evangelho”). Francisco trouxe de novo para o centro da experiência religiosa a misericórdia de Deus e a certeza de que “Deus não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva”.

Francisco conseguiu trazer para um novo enfoque a reflexão ecológica, a partir da percepção solidária e ética: somos todos responsáveis por cuidar bem de nossa “casa comum”. Não podemos viver e agir como se fôssemos os últimos ocupantes dessa casa, mas devemos pensar nas gerações que a ocuparão depois de nós. Como seus predecessores, Francisco é um batalhador pela paz; mas não com declarações e acordos solenes, que depois não são respeitados: a busca da paz passa pelo diálogo desarmado, pelo respeito à pessoa e pela boa vontade.

Francisco também abre novos caminhos para o ecumenismo, buscando o encontro com os irmãos de outras Igrejas cristãs, mesmo que seja em Cuba, a caminho do México... Francisco estende à Igreja inteira sua experiência eclesial vivida na América Latina.

Enfim, nesses breves três anos com o Papa Francisco, conhecemos muito do líder espiritual, que é amado pelo povo e não somente entre os católicos. Francisco tem a graça de falar ao coração e à consciência das pessoas e usa dessa capacidade para atraí-las a Cristo. Francisco está convidando as pessoas para uma religiosidade autêntica e essencial, a viver uma vida honesta e alegre. Que Deus dê vida longa e um pontificado cheio de frutos ao Papa Francisco!

Publicado no jornal O SÃO PAULO - Edição 3093 - 17 a 22 de março de 2016