Cardeal Dom Paulo: de esperança em esperança!

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22/06/2016 - 08:30

No próximo dia 2 de julho, será comemorado o Jubileu de Ouro episcopal do cardeal Paulo Evaristo Arns, Arcebispo emérito de São Paulo, numa solene celebração eucarística. Será às 10h, na Catedral metropolitana da Sé de São Paulo.

Passaram 50 anos desde que, no dia 3 de julho de 1966, Frei Paulo Evaristo foi ordenado bispo pela imposição das mãos do cardeal Agnelo Rossi, Arcebispo de São Paulo, de Dom Anselmo Pietrulla, bispo de Tubarão, e de Dom Honorato Piazzera, bispo coadjutor de Lages.

Foi na paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Forquilhinha, cidadezinha de Santa Catarina, que viu nascer o menino Paulo Evaristo em 14 de setembro de 1921.

Grande foi a alegria na comunidade local e na numerosa família Arns, que teve vários filhos consagrados a Deus na vida religiosa; alegria na Ordem dos Frades Menores Franciscanos, que teve Frei Paulo entre seus membros, como professor de Francês, letras clássicas, Filosofia, História da Igreja e Patrística, em Petrópolis e Curitiba.

Grande alegria e esperança para a Arquidiocese de São Paulo, para a qual ele havia sido nomeado, como bispo auxiliar, pelo Papa Paulo VI, em 2 de maio de 1966.

Dom Paulo adotou o lema episcopal “ex spe in spem” - de esperança em esperança. Era logo após o Concílio Vaticano II, tempo repleto de vivacidade e de esperança para a Igreja. O cardeal Rossi confiou-lhe a região Norte (Santana) da Arquidiocese para pastoreá-la como Vigário Episcopal. Havia vários outros bispos auxiliares na imensa Igreja de São Paulo, cuja população crescia rapidamente.

Com os migrantes que chegavam sem parar à Metrópole, bairros novos iam se formando na extensa periferia, necessitando de assistência religiosa e de evangelização.

No dia 22 de outubro de 1970, o Papa Paulo VI nomeou Dom Paulo como arcebispo metropolitano de São Paulo; a Arquidiocese havia ficado vacante depois que o cardeal Rossi foi posto pelo mesmo Papa à frente da Congregação para a Evangelização dos Povos. No Consistório de 5 de março de 1973, Dom Paulo foi criado cardeal por Paulo VI e recebeu a igreja titular de Santo Antônio de Pádua, na Via Tuscolana, em Roma.

Dom Paulo esteve à frente da Arquidiocese de São Paulo por quase 28 anos, até que resignou do governo pastoral em 15 de abril de 1998, por decorrência de idade. Sua dedicação à Igreja e ao povo de São Paulo foi imensa. Tratava-se de implementar as reformas do Concílio Vaticano II, para promover mais eficazmente a evangelização, o testemunho e a presença da Igreja no meio da sociedade.

Era necessário ampliar as estruturas para os serviços eclesiais, religiosos e assistenciais nas imensas periferias da cidade e traduzir em novas práticas pastorais os ensinamentos bonitos do Concílio sobre a Igreja; era urgente promover uma renovada formação do clero, dos religiosos e leigos; era necessário difundir a justiça social em sintonia com a Doutrina Social da Igreja; afirmar e defender a dignidade da pessoa, em conformidade com a antropologia cristã e as ricas orientações do Concílio, especialmente na constituição pastoral Gaudium et Spes.

E era necessário que a Igreja se empenhasse na renovação da vida social, cultural e política do país em tempos de limitação e cerceamento das liberdades democráticas, de perseguição política e de graves agressões contra a dignidade humana promovida pelo Estado autoritário. E Dom Paulo se empenhou pessoalmente, mediando a solução de conflitos e dando coragem, apoio e confiança a muitas pessoas engajadas na luta para que o Brasil voltasse a ser um país livre e democrático.

Dom Paulo exerceu seu ministério episcopal em São Paulo com grande dedicação e zelo, deixando marcas profundas no povo e na Arquidiocese. No dia 2 de julho, toda esta Igreja Particular vai reunir-se em torno do seu arcebispo emérito para agradecer a Deus pelos 50 anos de sua ordenação episcopal. Foi muita graça de Deus para ele e para a Igreja! Dom Paulo, na sua veneranda idade de quase 95 anos, continua a nos lembrar: coragem, nunca desanimar! De esperança em esperança!

Cardeal Odilo Pedro Scherer

Arcebispo metropolitano de São Paulo

 Publicado no jornal O SÃO PAULO - Edição 3107 - 22  a 28 de junho de 2016