A Eucaristia conduz às obras de misericórdia

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Missa e procissão no centro de São Paulo marcaram a festa de Corpus Christi na Arquidiocese
Publicado em: 01/06/2016 - 17:30
Créditos: Jornal O SÃO PAULO - edição 3104

Por Fernando Geronazzo

“A Eucaristia é um dom grandioso da misericórdia do Pai”, afirmou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, na missa campal da solenidade do Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo, Corpus Christi, na quinta-feira, 26.

Milhares de fiéis lotaram a praça da Sé para a celebração, que contou com a presença dos bispos auxiliares e inúmeros padres da Arquidiocese. “Na Eucaristia, é Cristo que se doa por nós, que se faz o bom samaritano, que vem ao nosso lado, que nos levanta de nossas quedas e fragilidades. E, por isso, da Eucaristia também brota para nós a lição da misericórdia, o convite a praticá-la, a sermos misericordiosos todos os dias”, disse Dom Odilo, na homilia, recordando o Ano Santo extraordinário da Misericórdia. 
O Arcebispo enfatizou que não dá para celebrar a Eucaristia e sair da Igreja com o coração fechado, “mas deve-se abrir necessariamente às necessidades do próximo, às situações de dor, de angústia, sofrimento diante do qual não podemos passar indiferentes depois de termos participado da mesa da Eucaristia”. Ele convidou todos a renovarem a consciência de que a Eucaristia leva à caridade, à partilha e à prática das obras de misericórdia. Como gesto concreto, os participantes da missa doaram cobertores e agasalhos para as pessoas em situação de rua. 
Dom Odilo fez menção ao grande serviço de caridade que os muitos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão realizam para com os doentes. “Eles ajudam na distribuição da Eucaristia nas missas, mas também levam a comunhão aos doentes, zelam para que os doentes sejam cuidados, acompanhados, visitados. É um grande trabalho. Uma grande obra de misericórdia, grande serviço prestado a Jesus eucarístico que quer justamente ser presença, ser o pão daqueles que precisam ainda mais quando se encontram em situação de doença e fragilidade ou, eventualmente, preparando-se para a morte”.
 
Testemunho público da fé
“Essa manifestação que fazemos hoje, ao contrário de outros dias, fazemos publicamente, na praça, vamos às ruas para dizer ao mundo essa fé que nós temos e essa certeza de que Ele permanece no meio de nós”, destacou o Cardeal.  “Nossa fé católica nos lembra que no sacramento da Eucaristia nós, de fato, reconhecemos Jesus Cristo como presença constante entre nós... No sacramento da Eucaristia, nós também reconhecemos o sacramento da Igreja. A Igreja é Jesus Cristo com os seus discípulos... Ele conosco e nós com ele. Ele que veio para ficar conosco e nunca mais se separar de nós”, continuou. 
O Arcebispo explicou, ainda, que a Eucaristia recorda Jesus que se doou em sacrifício, que na cruz se entregou, “derramou seu sangue para que nós tivéssemos vida e fôssemos purificados de nossos pecados”. 
“Em toda celebração da Eucaristia, tornamos presente esse único e grande sacrifício que nos une a Deus e nos salva. Na Eucaristia, nós reconhecemos a ceia fraterna. Por isso, a celebração sempre acontece em torno da mesa do altar, que recorda a mesa a última ceia. Lembra o cordeiro pascal que Jesus Cristo agora, imolado por nós sobre a cruz, mas que nos sinais do pão e do vinho que consagramos é significado na Eucaristia. Reunidos em torno da ceia fraterna, nós aprendemos a ser povo de Deus, comunidade de irmãos, família de Deus, que o Pai reúne e constantemente alimenta”, disse. 

Anúncio da esperança
Por fim, Dom Odilo lembrou que a Eucaristia é, ainda, anúncio da esperança dos cristãos. “Toda vez que nos reunimos para celebrar a Eucaristia, nós anunciamos aquilo que ainda virá, que Deus nos prepara. ‘Anunciamos a vossa morte a proclamamos a vossa ressureição. Vinde, Senhor Jesus’, dizemos na missa. A Eucaristia plena se realizará na casa do Pai, onde todos aqueles que receberem a graça da salvação estarão reunidos”. 
Após a missa, aconteceu a tradicional procissão eucarística pelas ruas do centro da Capital paulista, passando pelo Pátio do Colégio, local da fundação da Cidade, pelo Mosteiro de São Bento. À frente da procissão, os membros do Vicariato Episcopal para a Pastoral do Povo da Rua distribuíam alimentos aos moradores em situação de rua. 
A procissão foi encerrada diante da Igreja Santa Ifigênia, onde Dom Odilo deu a bênção do Santíssimo Sacramento.